São Paulo, sexta-feira, 14 de junho de 1996
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Bahia comemora os cem anos da batalha

Região deve ganhar um parque

VICTOR AGOSTINHO
ENVIADO ESPECIAL A CANUDOS (BA)

A Universidade Estadual da Bahia (Uneb) iniciou ontem as comemorações do centenário da Guerra de Canudos. A cidade do sertão baiano, a 420 km de Salvador, foi palco do mais sangrento levante civil brasileiro. Estima-se que morreram cerca de 23 mil pessoas.
No papel há dez anos, o Parque Estadual de Canudos, com 18 km2, começou a deixar ontem a condição de decreto estadual para virar realidade. O reitor da Uneb, Antônio Raimundo do Anjos, lançou a "pedra fundamental" do parque.
A primeira fase, segundo Luiz Paulo Almeida Neiva, gerente do Centro de Estudos Euclydes da Cunha, vinculado à Uneb, vai consumir R$ 170 mil.
O projeto, que deverá estar concluído no dia 22 de setembro próximo, prevê a sinalização e a identificação dos pontos onde aconteceram os conflitos e já conta com verba de R$ 50 mil.
Também como parte das comemorações, a Uneb lançou ontem à noite em Canudos o livro "Arqueologia - a História de Canudos", trabalho multidisciplinar que teve como ponto de partida uma pesquisa de campo de dois anos e meio desenvolvida pelo arqueólogo Paulo Zanettini.
Zanettini, que coletou vestígios das batalhas e identificou sítios pré-históricos na região, conta que cerca de 95% dos restos da guerra (armas, projéteis, utensílios, fardas) já foram retirados do parque por curiosos ou colecionadores.
Para recuperar o material retirado, a Uneb pretende fazer uma campanha no rádio e na TV.
Os estudos arqueológicos (pesquisas de campo) na região de Canudos estão paralisados, por falta de verbas, desde 1987.
O Centro de Estudos Euclydes da Cunha catalogou cerca de 40 mil documentos da época, inclusive cartas escritas por Antônio Conselheiro, líder dos rebelados.

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