São Paulo, sexta-feira, 14 de junho de 1996
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Cresce emprego em obras públicas

CRISTIANE PERINI LUCCHESI
DA REPORTAGEM LOCAL

As eleições municipais já puxam para cima o número de empregados no setor de obras públicas do Estado de São Paulo.
Em março, abril e maio foram admitidas quase 2.000 pessoas no Estado, revertendo tendência de queda dos meses anteriores, segundo dados da Apeop (Associação Paulista de Empresários de Obras Públicas) apurados junto a 300 construtoras.
A recuperação no emprego será maior quanto mais próximas estiverem as eleições, diz o presidente da Apeop, Paulo Godoy.
Pavimentação
Na corrida para mostrar suas obras, as prefeituras deslancharam investimentos de última hora para pavimentar ruas e avenidas.
A Prefeitura de São Paulo é a que mais tem obras em andamento.
O projeto Cingapura de urbanização de favelas, a construção de viadutos e as obras de pavimentação na cidade são responsáveis hoje por 60% do total de empregos do setor de obras públicas no Estado.
Estão em andamento também, segundo a Apeop, obras em Barueri, Jundiaí, Ribeirão Preto, Campinas, Araraquara, São Carlos e Bauru, que, entre outras construções no interior, empregam 19% do total de funcionários do setor.
O governo estadual, segundo a Apeop, tem dívidas de R$ 3 bilhões junto às construtoras e está investindo só em obras já financiadas de conjuntos habitacionais.
Também os dados do Sinduscon (sindicato que representa 2.300 construtoras no Estado) apontam ligeira recuperação no emprego em obras públicas nos últimos três meses -1,07% em março, 0,45% em abril e estabilidade (menos 0,05%) em maio.
"Mas o aumento ainda é pequeno e a base de cálculo retraída", diz Eduardo Zaidan, vice-presidente de economia do Sinduscon.
Para ele, a tendência é de recuperação maior no decorrer do ano.
Mas o aumento no emprego em obras públicas este ano, de no máximo 2%, deve ser menor do que o verificado em 92, 88 e 85, quando foram realizadas as últimas três eleições para prefeito no país, segundo estima Paulo Godoy.
O crescimento em 96 será insuficiente também para compensar a queda de 19,04% -20.237 empregos a menos- só em 95, afirma.
"Teremos um ano eleitoral atípico, com as prefeituras e os Estados enfrentando um grande estrangulamento financeiro", diz.
Segundo ele, devido à estabilidade do real, as prefeituras terão limite de endividamento menor.
Em épocas inflacionárias, os salários dos funcionários públicos, que comprometem a maior parte dos orçamentos municipais, perdiam valor rapidamente.
Já a arrecadação das prefeituras, subia junto com os preços. Sobrava então dinheiro para ser investido em obras.
Anos anteriores
A prática de endividamento das administrações municipais nos anos eleitorais torna fugaz o emprego no setor de obras públicas.
Em 1992, ano das últimas eleições municipais, o setor teve aumento de 3% no nível de emprego no Estado, chegando às vésperas do pleito de 3 de outubro com 164.159 empregados. Mas três meses depois da disputa, o setor demitiu 37.652, uma queda de 22,94% no nível de emprego.
Em 1988, outro ano eleitoral para renovação dos comandos municipais, o aumento no nível de emprego do setor chegou a 24,7%, com as 300 construtoras pesquisadas pela Apeop empregando 214.859 funcionários. Mas, em fevereiro de 1989, 16 mil empregos já haviam sido perdidos.
"Os governos gastam o que podem às vésperas das eleições, mas não conseguem sustentar os pagamentos depois", diz Godoy.

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