São Paulo, sexta-feira, 14 de junho de 1996
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Lobby pressiona deputados contra a criação da CPMF

Movimento gasta R$ 50 mil em boletins para derrubar projeto

MARTA SALOMON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O lobby contrário à aprovação da CPMF -conhecido como imposto da saúde- no Congresso já investiu, em menos de um mês, mais do que 178 mil trabalhadores com salário mínimo recolheriam em um mês se a taxa já vigorasse.
A campanha do MNDC (Movimento Nacional de Defesa do Contribuinte), criada para barrar a criação da CPMF, desembolsou R$ 50 mil em boletins enviados a parlamentares, propaganda em quatro canais de televisão e outdoors nas cidades de São Paulo e Brasília.
Esse valor equivale ao montante de CPMF a ser pago sobre movimentações financeiras de R$ 20 milhões e não considera parte do custo do lobby. O grupo conta com trabalho gratuito de gráficas e de agências de publicidade e outdoor.
"Sem dúvida, não sai mais caro bancar a campanha do que pagar o imposto", diz o presidente do movimento, o advogado tributarista Luiz Antônio Caldeira Miretti.
Lançado em maio, o movimento será intensificado com a proximidade da votação na Câmara. "O momento é crítico", avalia Miretti.
Nas últimas semanas, os deputados -que decidirão o destino da taxa, já aprovada pelo Senado- receberam do MNDC o boletim "O contribuinte", com uma ameaça aos que votarem a favor.
O boletim diz que 47% dos entrevistados "ficariam com raiva e não votariam novamente num deputado que aprovasse a CPMF".
Trata-se de um dado da pesquisa do Ibope, contratada pela CNI (Confederação Nacional da Indústria), que também aderiu ao lobby.
A pesquisa afirma que 62% dos entrevistados são contra a taxa.
Lobby a favor
Centralizado na figura do ministro da Saúde, Adib Jatene, o lobby a favor da CPMF é movimentado por donos de hospitais privados e representantes das santas casas e conta com apoio do presidente Fernando Henrique Cardoso.
Os hospitais defendem a criação da CPMF para ver reajustados os preços dos serviços que prestam ao SUS (Sistema Único de Saúde).
O deputado Ursicino Queiroz (PFL-BA), defensor da taxa, avalia que 315 dos 513 deputados são simpáticos à CPMF. São necessários 308 para aprová-la.

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