São Paulo, sexta-feira, 14 de junho de 1996
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Punição; Clima de terror; Imagem arranhada; Corporativismo; Afronta; Taxa de juro; Metamorfose; Castidade; Patrimônio público

Punição
"É preciso deixar claro que a tragédia de Osasco não foi um acidente da natureza.
Poderia, portanto, ser evitada. Procedimentos elementares de segurança foram negligenciados.
Queremos uma rigorosa apuração das causas dessa tragédia. E exigimos punição para os responsáveis, tenham eles colarinho branco ou não."
João Paulo Cunha, deputado federal e presidente estadual do PT (Osasco, SP)

Clima de terror
"Li com renovadas esperanças o excelente artigo 'Selvageria no BB', de Clóvis Rossi (13/6).
À revelia (ou com a conivência?) da mídia, o atual governo instalou um verdadeiro clima de terror entre seus servidores, eleitos bodes expiatórios de todas as desgraças nacionais.
O atual ministro da Administração só tem como plano de reforma administrativa acabar com os funcionários públicos -aposentados ou não-, como mostram os inexplicáveis cortes em meu contracheque, resultado de releituras da lei feitas pelo atual ministério.
Procurando alguns advogados, ouvi, pasmado, que quanto a isso nada se pode fazer, já que qualquer demanda no Judiciário resultaria inútil."
Francisco Cezar de Luca Pucci (Curitiba, PR)
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Imagem arranhada
"A imagem provedora da justiça de que o Brasil precisa saiu profundamente arranhada nesse episódio do julgamento da data-base dos servidores públicos civis e militares.
A imagem do Congresso Nacional também o será se o presidente não se compenetrar de que deve agir soberanamente como magistrado, não como aríete demolidor da muralha humana que clama contra as razões de Estado dessa odiosa restringenda aos aposentados estatutários custeados, na forma da lei vigente, pelo Tesouro Nacional.
Se o STF -o guardião das leis deste país- não se predispuser a colocar um basta nisso tudo, o Poder Executivo do presidente Fernando Henrique Cardoso vai tomar conta das regras de decência e do direito deste povo já tão massacrado."
Romildo de Britto Ferreira (Brasília, DF)

Corporativismo
"A respeito do artigo do conceituado jornalista Clóvis Rossi, a quem admiro, intitulado 'Macondo é pertinho' (11/6), como assinante deste jornal e como juiz de Direito cumpre-me esclarecer que labora em equívoco o ilustre jornalista ao afirmar que '... o juiz Magdalena recusa-se a lhe conceder a prisão domiciliar a que teria direito'.
Dispõe o artigo 117 da lei 7.210/84 (Lei de Execução Penal): 'Somente se admitirá o recolhimento do beneficiário de regime aberto em residência particular quando se tratar de: 1) condenado maior de 70 anos; 2) condenado acometido de doença grave; 3) condenada com filho menor ou deficiente físico ou mental; 4) condenada gestante.
Tendo em vista que o jornalista mencionado na coluna não parece se enquadrar em nenhuma das hipóteses acima, não tem direito à prisão domiciliar, como erradamente afirma Clóvis Rossi.
Tal afirmação incorreta, lançada sem ouvir o outro lado e sem uma investigação mais profunda dos fatos, consoante determinam os manuais de redação, é que demonstra o corporativismo da imprensa, que defende incondicionalmente o condenado só pelo fato de ser jornalista.
Tendo em vista que fui juiz titular do Foro Distrital de Ipauçu, na comarca de Santa Cruz do Rio Pardo, conheço um pouco melhor os fatos em tela, e consigno minha total e irrestrita solidariedade ao colega e amigo Antônio José Magdalena, pelos ataques que ele e sua família vêm sofrendo pela imprensa.
Com certeza, se a imprensa for irresponsável, além do corporativismo e do arbítrio, será a terceira praga de que o Brasil parece jamais conseguirá se livrar."
Eugênio Augusto Clementi Júnior, juiz de Direito da 2ª Vara Criminal de Americana (Americana, SP)

Resposta do jornalista Clóvis Rossi - O juiz do caso, Antônio Magdalena, parece discordar do juiz Eugênio Augusto Clementi Júnior, tanto que já foi concedida a prisão domiciliar ao jornalista Sérgio Fleury.

Afronta
"O jogador Muller trocou o Palmeiras (do qual sou torcedor) pelo São Paulo, que lhe ofereceu um salário de R$ 110 mil por mês.
Num país como o nosso, onde um pai de família recebe no fim do mês um salário que, às vezes, não dá nem para o básico, isso pode ser considerado uma afronta."
Francisco Carlos Gonçalves (São Paulo, SP)

Taxa de juro
"Quando da criação da TJLP (Taxa de Juro de Longo Prazo), este jornal, em editorial, manifestou preocupação quanto à remuneração do FGTS e não publicou minha carta que afirmava que os Poderes da República a fariam superior à TR (Taxa Referencial de juros) -afirmação do sr. Pérsio Arida- para proteger o BNDES, cujos empréstimos quebram os que se aventuram a tomá-los.
Assim, gostaria de ver novo editorial sobre o assunto."
Joel Ferracioli (Guaíra, SP)

Metamorfose
"'Clientelismo já torrou R$ 15 bilhões' (Folha, 2/6). Dinheiro é capim? Nossa classe política (com exceções, felizmente) teima em se comportar qual daninha e devastadora lagarta.
Mas ela pode mudar para melhor. É só fazer o que sugeriu o sr. presidente na posse do ministro Kandir: o político deve sentir Deus dentro de si.
Convenhamos, só mesmo Deus poderá abreviar a metamorfose dessa insaciável e asquerosa lagarta em deslumbrante borboleta."
René Adriani (Jundiaí, SP)

Castidade
"Contrapondo-se ao editorial 'Aids', que termina: 'Moral da história: use camisinha', gostaria que publicassem o que afirma a 'Rubber Chemistry & Technology', Washington, junho de 1992': 'Todos os preservativos têm poros 50 a 500 vezes maiores que o vírus da Aids'.
E então? O rei está nu!
É como uma bola de tênis passando por uma porta!
Moral da história: viva a castidade!"
Felipe Ronaldo A. Aquino, professor da Faculdade de Engenharia Química de Lorena (Lorena, SP)

Patrimônio público
"Daqui a pouco os eleitores de todo o país irão às urnas.
Velhos e novos depositários do sagrado direito do voto, por vontade de decência, devem optar após observação do perfil psicológico e postura convergente do candidato em relação aos ideais que defende, não ofuscando o senso da razão.
O padrão político estabelece que o poder do Estado é o que o povo lhe defere, portanto o cabo eleitoral é o povo e merece ser o privilegiado.
Os municípios podem mudar o país pelo voto. Voto é patrimônio público do maior valor, anulá-lo ou vendê-lo é exatamente como procurar visualizar amanhã um elétron no orbital. Não se vê representado, todavia sabe-se o efeito que causa."
Marco Aurélio Abreu (Florianópolis, SC)

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