São Paulo, domingo, 16 de junho de 1996
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Mulher gosta de se exibir, diz pesquisa

PAULO SAMPAIO
DA REPORTAGEM LOCAL

Cruzar as pernas com roupas curtas, sem calcinha, na frente dos homens, não é especialidade apenas de Sharon Stone.
Segundo uma pesquisa realizada pelo sexólogo Oswaldo Rodrigues Jr., do Instituto H-Ellis, as mulheres adoram se exibir.
Rodrigues entrevistou mulheres entre 19 e 52 anos, sendo que 87% delas tinham terceiro grau de escolaridade e 70% eram solteiras.
Uma parte considerável das entrevistadas (48%) diz que tem prazer em mostrar a genitália.
Entre essas, 80% acreditam que os homens, por sua vez, sentem muito prazer com a exibição delas. "Eles adoram saber, por exemplo, que a gente está sem calcinha", diz a gerente de marketing Flávia Pereira, 35.
Histórias clássicas
As histórias de Flávia são clássicas. "Meu número preferido é o da cruzada de perna", diz.
"Uma vez fiz isso sentada em cima de uma mesa, para um cara que me interessava no trabalho, e ele ficou louco", conta.
Ela também "usa" muito os seios. "Decotes generosos, botões abertos, camisetas fininhas, sem sutiã, são minha especialidade."
Para a psicanalista Ana Verônica Mautner, as mulheres têm um papel ativo no "jogo da aproximação". "Elas sabem que os homens sentem prazer com os olhos e exibem suas formas", diz.
Ana Verônica afirma que o procedimento da mulher é intuitivo. "A cultura incumbiu a mulher de seduzir. Ela imagina o que agrada e faz."
A imaginação, nessas horas, vai longe. "Todo homem gosta de surpresas", acredita a publicitária Paula Valente, 38, que recentemente vestiu-se especialmente para "surpreender" um colega de trabalho com quem teve um caso e de quem ganhou meias de seda vermelhas e um espartilho.
"Ele me chamou para ir ao motel, e eu fui só com as meias, o espartilho, sapatos altos e um casacão de pele por cima", diz. "Ele não queria mais ir para casa."
Exibidas históricas
Oswaldo Rodrigues diz que, historicamente, é mais comum se aceitar a exibição de uma mulher do que a de um homem. "Se uma mulher tira a roupa no meio da rua, junta gente para ver. Se um homem faz isso, vai preso no ato."
Rodrigues descobriu ainda que, quando a exibição não é pública, os números crescem. "Mais da metade das mulheres da pesquisa (66%) sentem prazer em se exibir na hora da transa (fazendo striptease para o companheiro, desfilando nua etc)."
O figurino conta muito. Paula Valente, a moça do casacão por cima do espartilho, reconhece que o traje é brega, mas diz que é possível ser exibida e chique.
"Existem calcinhas maravilhosas, minissaias de bom gosto e vestidos com decotes incríveis."
O decote mais incrível que a atleta Vera Ferrari, 38, usou chegava quase nas nádegas. "Tive de ir sem calcinha, para não aparecer."
Vera é uma "exibida" pública e privada. "Já fiz striptease no carro, indo para a praia, e adoro desfilar na hora da transa." (leia texto)
Nem todas as exibidas pensam, como Vera, na transa. Oswaldo Rodrigues tabulou um pequeno número de mulheres (6%) que se exibem só para despertar desejo.
A banqueteira Lelena César, 29, está nessa faixa. Lelena fez um "strip" em uma festa, para seduzir um sujeito que estava "embaçando". Ela não dormiu com ele.
"Ele queria me levar para casa na hora", lembra. "Mas o meu prazer, naquele dia, foi deixá-lo com vontade" (leia texto).

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