São Paulo, segunda-feira, 17 de junho de 1996
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Jazzista não deixa herdeiras

CARLOS CALADO
ESPECIAL PARA A FOLHA

É raro encontrar uma cantora do jazz atual que não reconheça ter sido influenciada por Ella Fitzgerald. Ou que não tenha ouvido com muita atenção seus discos.
Porém, ao contrário de outras grandes divas do jazz, como Billie Holiday, Sarah Vaughan, Carmen McRae ou Betty Carter (que agora reina quase absoluta nos palcos, entre as cantoras de sua geração), Ella não deixa herdeiras genuínas de seu estilo vocal.
Até mesmo a nova diva Cassandra Wilson, que chegou a ser festejada alguns anos atrás como a "Ella Fitzgerald dos anos 90", tem, na verdade, muito mais afinidades com Betty Carter.
Essa falta de herdeiras diretas de Ella talvez se explique por ela mesma. Sem o mesmo timbre grave das grandes cantoras negras, Ella é uma espécie de fenômeno isolado.
Não há dúvida que, através de Betty, Cassandra, Dee Dee Bridgewater, Abbey Lincoln, Rachelle Ferrell ou Dianne Reeves, o jazz está muito bem-amparado. Mas Ella era mesmo única.
(CC)

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