São Paulo, segunda-feira, 17 de junho de 1996
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Boris Ieltsin lidera eleição na Rússia

JAIME SPITZCOVSKY
ENVIADO ESPECIAL A MOSCOU

O presidente russo, Boris Ieltsin, vencia ontem o primeiro turno da eleição presidencial com 34,4% dos votos e deve disputar o segundo turno com o candidato neocomunista, Guennadi Ziuganov, que tinha 31,4%.
Esses números mostram o resultado da apuração às 19h (hora de Brasília), quando haviam sido contados cerca de 30% dos votos.
A apuração começou antes no extremo leste da Rússia, região considerada pró-neocomunismo.
Os números confirmam a pesquisa de boca-de-urna divulgada pela TV norte-americana CNN, que deu 35% dos votos para Ieltsin, contra 29% para Ziuganov. A margem de erro da pesquisa é de três pontos percentuais.
Os resultados iniciais e a pesquisa colocavam o ex-general Alexander Lebed em terceiro lugar, com 14,5%. O ex-general superou as previsões, que o colocavam geralmente em quarto lugar.
O segundo turno será em julho. A data ainda será marcada.
Na campanha, Ieltsin, 65, prometeu continuar as reformas democratizantes e pró-capitalismo. O presidente disse que uma vitória neocomunista representaria "instabilidade e até guerra civil".
Ziuganov, 51, responsabiliza Ieltsin pelo aumento das diferenças sociais e da criminalidade. Agita a bandeira do nacionalismo e, embora aceite a propriedade privada, defende a volta de maior intervenção estatal na economia.
Georgi Satarov, assessor do presidente Ieltsin, se disse "satisfeito" com os resultados iniciais. A tendência de comparecimento às urnas menor do que o previsto assustou o comando da campanha ieltsinista (leia texto abaixo).
Ao votar em Moscou, Boris Ieltsin disse que a vitória comunista "estava fora de questão".
Seu rival Ziuganov disse que, em caso de vitória ieltsinista, o presidente terá de rever a sua política econômica e aumentar gastos com proteção social.
Para o candidato oposicionista, os milhões de votos neocomunistas mostram a insatisfação de parte significativa do eleitorado.
Na hora de votar, Ziuganov buscou mostrar otimismo. "Apenas fraude na apuração pode evitar nosso triunfo", afirmou.
Ieltsin conta com apoio dos favorecidos pelas oportunidades oferecidas pela economia de mercado e também dos eleitores que temem a volta do autoritarismo com os neocomunistas no poder.
Os países ocidentais também não esconderam sua preferência por Ieltsin, que liderou o processo de desintegração da URSS em 1991.
Ziuganov prega a restauração "voluntária" da extinta União Soviética, que se fragmentou em 15 países. O neocomunista conta com apoio da parcela da população empobrecida pela transição ao capitalismo e dos eleitores que têm saudades da proteção social soviética.

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