São Paulo, terça-feira, 18 de junho de 1996
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Norte e Vale do Jequitinhonha formam outra Minas Gerais

PAULO PEIXOTO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE

Indicadores sócio-econômicos das regiões do Vale do Jequitinhonha e do norte de Minas Gerais fazem com que o Estado seja dividido em dois.
Um é o da estagnação econômica e das desigualdades sociais, e o outro com potencialidades evidentes, como o Triângulo Mineiro e as regiões centro e sul.
O Vale do Jequitinhonha tem uma população estimada em 1.000.621 pessoas, sendo que 31,8% vivem com renda mensal de até meio salário mínimo e 33,8%, com renda de meio a um mínimo.
Assim, 65,6% da população do Vale vive com uma renda de até um salário mínimo, de acordo com dados da Codevale (Comissão de Desenvolvimento do Vale do Jequitinhonha). Em todo o Estado, esse percentual cai para 37,2%.
As desigualdades estão em várias áreas. Os domicílios com água tratada no Jequitinhonha são 29,9%, contra 53,5% no Estado. Grande parte das casas servidas no Vale não dispõem de canalização interna para distribuição da água.
No Jequitinhonha existe 1 médico para 4.553 pessoas, enquanto que na comparação com o Estado o número cai para 451.
No Vale são 447 pessoas por leito hospitalar. No Estado a relação é de 1 leito para 263 pessoas.
Esgoto
Relatório de setembro de 91 elaborado pela Codevale diz que cerca de 85% das residências da região não possuem esgoto sanitário. Mesmo onde há, geralmente os dejetos são lançados pelos coletores em várzeas, córregos e rios a céu aberto, o que expõe a população a uma série de doenças.
A esquistossomose e a leishmaniose também prevalecem no Vale. Em relação à mortalidade infantil, 80 crianças, de cada mil nascidas, morrem antes de completar um ano.
Dados do governo de Minas mostram que as regiões sul, centro e Triângulo, que representam cerca de 31% da área do Estado e concentram cerca de 53% de sua população, produzem 66% do PIB (Produto Interno Bruto) mineiro.
Já as regiões noroeste, norte, Jequitinhonha e Mucuri, que correspondem a 43% do território mineiro, detêm 17% da população e apenas 7% do PIB.
O governo do Estado reconhece os problemas, conforme consta no PMDI (Plano Mineiro de Desenvolvimento Integrado), lançado no ano passado pelo governador Eduardo Azeredo (PSDB).
"As regiões norte de Minas e do Jequitinhonha apresentam um dos mais graves quadros de atraso econômico e de má condição de vida da maioria de sua população", diz o relatório do governo mineiro.
Bancada mineira
Uma das reivindicações da bancada mineira no Congresso é a inclusão de todos os 56 municípios do Vale do Jequitinhonha na área da Sudene (Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste).
Projeto da senadora Júnia Marise (PDT-MG) trata desta inclusão. Apenas 11 municípios do Jequitinhonha estão na área da Sudene.
O projeto está parado no Congresso por decisão da bancada mineira, que, enquanto isso, tenta convencer os deputados contrários à idéia a aprovar o projeto.

Texto Anterior: Pobres somam 41,9 milhões
Próximo Texto: ONU revela a existência de três "brasis"
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.