São Paulo, terça-feira, 18 de junho de 1996 |
Texto Anterior |
Próximo Texto |
Índice
Para ONU, Real alterou pouco a miséria
MARTA SALOMON
A renda média dos 10% mais ricos da população é quase 30 vezes maior do que a renda média dos 40% mais pobres. Na maioria dos países, os indivíduos mais ricos ganham, em média, dez vezes mais do que os indivíduos mais pobres. Esse índice deixa o Brasil no fim da fila de um ranking mundial de 55 países, atrás de Botsuana, no sul da África, Peru e Panamá. Real O documento da ONU desautoriza o governo Fernando Henrique Cardoso a comemorar uma melhoria na distribuição de renda no país em função do Plano Real. Eduardo Guimarães, coordenador da pesquisa sobre o Desenvolvimento Humano, disse que o Plano Real não alterou significativamente o quadro medido pelos técnicos da ONU, com base em dados coletados em 1990. Há quatro meses, o governo festejou uma pesquisa do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) que apontava crescimento (30%) na renda da parcela mais pobre da população e ganho menor (20%) na renda dos mais ricos. A pesquisa do Ipea, segundo o presidente do instituto, Fernando Rezende, se limitou a uma comparação recente em seis regiões metropolitanas do país: "São dados parciais, que não podem ser extrapolados". Os técnicos das Nações Unidas chegaram a um resultado parecido ao do relatório que o Banco Mundial divulgou no ano passado. Piauí campeão O relatório mostra ainda que o fenômeno na concentração de renda vem se agravando. Afirma que os 40% mais pobres da população não detêm mais do que 10% da renda em nenhuma das regiões do país, apesar de as desigualdades serem um pouco menores na região Sudeste e maiores na região Centro-Oeste. A constatação é feita com base em dados coletados em 1990 pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). O Piauí é o Estado campeão na concentração de renda, seguido pela Paraíba e pelo Espírito Santo. São Paulo e Alagoas apresentam a menor concentração. Cenários O documento divulgado ontem aposta, porém, nos resultados do plano de estabilização da economia e na retomada do desenvolvimento no Brasil. O relatório descarta um cenário otimista de crescimento acelerado e considera "mais provável" que a economia brasileira cresça acima de 3% ao ano até o ano 2000 e acima de 5% até 2010. Nesse cenário, os técnicos prevêem que o número de pobres cairá de 41,9 milhões (em 1990) para 26,2 milhões (em 2010). Consideram "provável" que a renda da metade mais pobre da população cresça 5% ao ano até 2010. Texto Anterior: ONU revela a existência de três "brasis" Próximo Texto: Ricos têm quase 30 vezes mais que pobres Índice |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |