São Paulo, terça-feira, 18 de junho de 1996
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FHC diz que país cresce a 4% e que chegará a 6%

Presidente afirma que momento mais 'dramático' já passou

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Fernando Henrique Cardoso afirmou ontem que a economia brasileira vai estar crescendo 6% ao ano no fim de 96. Segundo ele, o crescimento hoje é de 4%.
"O problema não é saber se (a economia) está crescendo ou não, é saber se esse crescimento vai ser sustentável. Todo o panorama do crescimento do PIB brasileiro no passado foi de zigue-zague, 'ups and downs' (altos e baixos), cresce e depois cai", disse o presidente.
O presidente afirmou que o momento mais "dramático" do controle do crescimento já passou. Segundo ele, o governo "freou" o crescimento no ano passado para evitar a volta da inflação.
FHC disse que a inflação de 96 deve ficar próxima de 12%. FHC lembrou pesquisa do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) que mostra que 5 milhões de pessoas "atravessaram a linha de pobreza" graças à estabilização da moeda.
FHC fez as afirmações durante uma palestra de 50 minutos a estagiários da ESG (Escola Superior de Guerra), no Palácio do Planalto.
Penitência
Durante o discurso, FHC se "penitenciou" por ter sido co-autor da Constituição de 88. "Amarramos a União do ponto de vista orçamentário", disse.
Segundo FHC, o governo dispõe, para "exercer alguma política", de 10% dos R$ 150 bilhões do Orçamento da União. "O resto são despesas automáticas: pessoal, Previdência, transferências constitucionais e juros."
O presidente disse que, neste ano, a taxa de juros diminuiu e vai significar aumento de recursos do governo.
Ele afirmou que os juros caíram de 4,5% ao mês, no ano passado, para algo "entre 1,95% e 2,06%".
Reformas
Para ajustar as despesas do governo, FHC defendeu a aprovação das reformas pelo Congresso. Ele disse que o governo não "barganha" para ter as mudanças.
"É natural que o (Congresso) apresente suas reivindicações. Algumas são justas. O governo, quando for justa, tem que ceder."
FHC reafirmou que quer a aprovação da CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira), mas disse que a "anula" se lhe apresentarem um imposto melhor.
"Primeiro me dêem a CPMF. Se me derem a CPMF, depois, eu anulo a CPMF para dar um outro imposto se o outro imposto for melhor", afirmou o presidente.
Proer
FHC voltou a defender o Proer -programa do governo de socorro aos bancos. Segundo ele, o programa evitou a crise financeira e a perda do PIB (Produto Interno Bruto), como aconteceu em países latinos.
O presidente reafirmou que os recursos usados na ajuda ao Econômico e ao Nacional, por exemplo, não são públicos, mas dinheiro do compulsório que o Banco Central recolhe dos bancos.

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