São Paulo, terça-feira, 18 de junho de 1996
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São Paulo diminui gastos na área social

DA REPORTAGEM LOCAL

Cada vez menos o orçamento do Estado de São Paulo privilegia áreas sociais básicas, como segurança, saúde e transportes.
É o que revela um dos painéis da exposição "Acervo da Assembléia Legislativa de São Paulo", aberta ontem no Palácio 9 de Julho, no Ibirapuera (zona sul da cidade).
A exposição resgata os 161 anos de história política do Legislativo, traz desde documentos valiosos -como 38 discos com gravações de discursos dos ex-presidentes Getúlio Vargas, Jango Goulart e Tancredo Neves- até "folclores" da vida cotidiana da Casa.
No hall monumental da Assembléia, o painel que mostra os gastos do Estado de 1836 a 1996 aponta, por exemplo, aplicação reduzida de recursos em segurança, saúde, educação e transportes -em torno de 5% do orçamento.
Se, por um lado, a exposição é o retrato da falência do Estado, de outro revela que a atenção dos governos com os problemas sociais estão cada vez mais menores -pelo menos naqueles setores que seriam da iniciativa do Estado.
Cresceu o uso de verbas com "outros" itens (53,9% do orçamento). Para o curador da mostra, o historiador Carlos Dias, "o aparato estatalacabou assumindo outras funções, que justamente colocam hoje o Estado em xeque".
"Pasta de dente"
O acervo traz ainda curiosidades da vida parlamentar paulista, desde a instalação da Assembléia em 2 de fevereiro de 1835, no Pátio do Colégio (hoje centro velho).
Entre elas está o caso do deputado estadual Marco Antônio Castello Branco, nos anos 70. Após discurso criticando o regime militar (1964-1985), um coronel o convidou para tomar café no quartel. O deputado perguntou: "Devo levar o pijama e a pasta de dente?".
O episódio é retratado em um dos 24 cartuns sobre "folclores" da Casa. Um deles conta que, nos primeiros 15 anos, a Casa era composta por médicos (10%), padres (20%), militares (30%) e advogados (40%) -estes últimos eram donos de terras e de escravos.
Entre os documentos, há a primeira Constituição estadual, o primeiro projeto ferroviário (1836) e o projeto da Estrada da Marquesa (1830) -material selecionado entre mais de 2 milhões de papéis, além de fitas e fotos de visitantes ilustres, como Nelson Mandela.
À abertura foram a primeira-dama Lila Covas, o vice-governador, Geraldo Alckmin, e o ex-governador Abreu Sodré, que inaugurou a nova sede no Ibirapuera, em 1968.

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