São Paulo, quarta-feira, 19 de junho de 1996
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Exportação terá incentivo de US$ 1 bi

FERNANDO RODRIGUES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O governo anuncia hoje uma nova linha de crédito para exportação no valor equivalente a US$ 1 bilhão. É mais uma amarra da economia que está sendo solta com vistas ao possível crescimento esperado no segundo semestre.
Crédito para exportação serve para ajudar as empresas brasileiras a vender seus produtos no mercado internacional. Além de oferecer o produto, o empresário ajuda o comprador externo a financiar o que está importando.
A linha de crédito, batizada de Programa de Apoio à Exportação de Produtos Manufaturados, será oferecida em dólares norte-americanos, num limite de US$ 10 milhões por empresa a cada ano.
A idéia do governo é aumentar as exportações para fazer frente à possível elevação das importações a partir do segundo semestre -quando a economia estará crescendo de forma mais acelerada.
O ministro do Planejamento, Antonio Kandir, vai participar de uma cerimônia hoje, ao meio-dia, no Palácio do Planalto para anunciar os detalhes do programa.
Taxa alta
A nova linha de crédito será administrada pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
Para obter o financiamento, a empresa interessada deverá solicitar o empréstimo nos bancos credenciados -que serão anunciados pelo governo.
O valor de US$ 1 bilhão é considerado suficiente para 12 meses. Ao final desse período, o governo vai decidir se aumenta ou diminui os incentivos à exportação.
A taxa de juro que será cobrada dos exportadores é composta pela libor de seis meses (taxa interbancária de Londres; pronuncia-se "láibor"), 2,5% para o BNDES e outros 3% para o banco que repassar o dinheiro.
Como a libor está em torno de 5,6% ao ano, o empréstimo para o exportador brasileiro sairá por cerca de 11% ao ano.
A taxa oferecida para os exportadores brasileiros é pouco competitiva no mercado internacional. Um exportador de eletroeletrônicos japonês, por exemplo, consegue um financiamento de aproximadamente 9% ao ano quando vai vender seu produto ao Brasil.
Também não será financiado o valor total da exportação. Numa hipotética operação de exportação de US$ 100 mil, o governo financiaria 85%. O tomador teria nove meses de carência e outros seis meses para quitar o débito.
Nove setores
A nova linha de financiamento será direcionada exclusivamente a nove setores (veja tabela abaixo).
Ao incentivar esses setores com a nova linha de crédito, o governo espera reverter a tendência de déficit na balança comercial. Juntos, esses produtos foram responsáveis por cerca de US$ 4 bilhões em exportação no ano passado.
Até abril, o país tinha exportado US$ 14,573 bilhões e importado US$ 14,810 bilhões. Isso dava um saldo negativo de US$ 237 milhões.
Para o deputado federal Delfim Netto (PPB-SP), um dos maiores críticos da falta de incentivo à exportação, a decisão do governo "vai na direção correta".

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