São Paulo, quarta-feira, 19 de junho de 1996
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Jackson cria 'comunidade'

DA REPORTAGEM LOCAL

Phil Jackson pode deixar os Bulls no ápice de sua carreira. O técnico acha que suas teorias, que misturam religião ao bate-bola, transformaram o time numa comunidade. É o que respondeu em entrevista coletiva pela Internet, da qual a Folha participou.
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Pergunta - Você usa palavras-chave com frequência em preleções nos vestiários. Abnegação, confiança, intimidade. Qual foi o impacto delas na campanha vitoriosa dos Bulls?
Jackson - Para atletas experientes, o esporte acaba virando uma profissão. É chegar ao trabalho, pendurar o paletó, vestir o uniforme e pegar a bola.
Isso não é suficiente para fazer um grande time.
Mostro que um jogador sempre tem pontos fracos, não importa quem seja.
Uma hora ou outra essa fragilidade vai aparecer. Aí, entra o conceito de time.
Michael Jordan faz meu trabalho parecer fácil. Scottie Pippen funciona como um segundo violino, preenchendo a harmonia e tocando uma nota solo aqui ou acolá. Mas cabe aos demais dar sentido à música. É por isso que Dennis Rodman é importante. Seus rebotes e defesas carregam a banda.
Pergunta - Você usa mensagens budistas e mitos indígenas nas preleções aos atletas. Qual é o segredo para não cair no ridículo?
Jackson - De fato, não creio que jogadores dêem muita bola para o budismo, lendas dos povos indígenas, psicanálise, essas coisas que inspiram minha vida.
São homens ainda jovens, para quem a morte ainda é o fim da carreira esportiva.
Minhas palavras não têm a pretensão de convertê-los. Elas apenas ilustram o meu conceito de time.
Os atletas responderam muito bem. Eles dividiram a bola, o trabalho, o fardo psicológico. Formaram uma verdadeira comunidade nesta temporada. Por isso, acho que esse é o ponto alto de minha carreira.
Pergunta - Como você trabalha durante os jogos?
Jackson - Gosto de comparar o trabalho do técnico com o do jóquei. Quem ganha partidas são os jogadores; quem ganha o páreo é o cavalo. Tento ser um jóquei bem leve, para deixar o cavalo feliz e tranquilo.
Os atletas sabem o que fazer. Estou aqui para proporcionar estímulo e direção de vez em quando.

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