São Paulo, quarta-feira, 19 de junho de 1996
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'Bibi' toma posse e acumula dois ministérios

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O novo premiê de Israel, Binyamin "Bibi" Netanyahu, divulgou ontem os nomes de seu gabinete e tomou posse. Ele será o ministro mais forte do próprio governo.
Netanyahu vai acumular, além do cargo de primeiro-ministro, os ministérios da Habitação e dos Assuntos Religiosos.
Até a última hora, ele estava ocupando também o cargo de chanceler. O indicado, David Levy, disse que não assumiria em solidariedade ao general Ariel Sharon, que havia sido cotado para a Habitação e fora excluído.
Minutos antes da votação do governo no Parlamento, na noite de ontem, "Bibi" Netanyahu anunciou a criação do Ministério da Infra-estrutura Nacional, ocupado por Sharon. Levy voltou atrás e encerrou a crise de um dia no Likud (partido da direita israelense). O gabinete foi aprovado por 62 votos a 50. O Knesset tem 120 membros.
O ministro da Defesa será o general da reserva Yitzhak Mordechai, nascido no Iraque, antigo responsável pelo Exército na fronteira com o Líbano, a região militarmente mais delicada do país. Ele é considerado um moderado.
A indicação à pasta da Habitação do general Sharon, um "linha-dura", esbarrou na resistência dos religiosos ortodoxos, que querem funções executivas nesta pasta -o que deve acontecer.
Esse ministério é estratégico porque depende dele a política para os assentamentos judaicos em áreas palestinas. O novo premiê -a exemplo dos religiosos- se recusa a retirar colonos das áreas reivindicadas pelos palestinos.
Ao contrário, pretende ampliar as colônias. Netanyahu precisa agradar religiosos -com 24 deputados- para manter o governo.
Aos árabes
Em seu discurso no Parlamento, antes da votação, Netanyahu falou mais aos árabes que aos israelenses. Pediu aos países árabes que discutam a paz "sem pré-condições", e disse que a manutenção da segurança será a base para qualquer acordo. Citou em especial os presidentes da Síria, Hafez al Assad, e do Líbano, Elias Hraui, e o rei saudita, Fahd.
Para manter a segurança, disse que não vai hesitar em dar às forças de segurança do país "liberdade total para agir contra o terror".
O temor dos atentados entre a população israelense serviu de base para toda a campanha que levou Netanyahu ao governo. Durante a campanha, as peças de TV do Likud mostravam o premiê Peres apertando a mão do líder palestino, Iasser Arafat, e um locutor dizia: "Não é um bom presságio".
Ontem, em seu discurso final, o premiê Shimon Peres, 73, contestou a peça: "Não tenho vergonha de ter andado com Arafat. Você (Netanyahu) também vai fazê-lo, também vai apertar a mão dele".

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