São Paulo, sexta-feira, 21 de junho de 1996
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Moradores de favela rejeitam tenda

MALU GASPAR
DA REPORTAGEM LOCAL

Os moradores da quadra H da favela de Heliópolis (zona sul de SP) devem acatar, em parte, a proposta da prefeitura de construir nove prédios do projeto Cingapura no local onde, há quatro dias, quatro pessoas morreram num incêndio.
Para a construção, os moradores terão que sair dos barracos, alguns montados em três prédios semiconstruídos da Cohab. O incêndio ocorreu num desses prédios.
Em assembléia ontem pela manhã, com cerca de 600 pessoas, os moradores acataram a proposta, mas rejeitaram ficar em tendas enquanto esperam a construção.
"Todo mundo quer os apartamentos, mas não há como ficar em barracas. Já vivemos em condições precárias demais", afirma Raimundo Bonfim, diretor da Unas (união das associações de moradores da favela).
Os moradores querem ficar em abrigos de alvenaria em terrenos próximos da favela. Vão oferecer à prefeitura, em reunião na segunda-feira, três opções de terrenos.
Devem também pedir a redução do prazo para a construção, de 180 dias para 120 dias.
À noite, outra reunião, com os desabrigados, determinaria a posição final dos moradores. Bonfim acredita que eles seguirão as decisões da primeira assembléia. Até as 19h, a reunião não havia acabado.
Aulas
A EMPG Luiz Gonzaga Jr., onde estão os desabrigados com o incêndio, antecipou para ontem o início do recesso de 15 dias que ocorreria a partir de 7 de julho.
"Achamos que até lá a situação já estará resolvida", disse a diretora, Tânia Kfouri Crispino.
Os membros da Unas não sabem se será possível tirar os desabrigados da escola nesse prazo. "Se a prefeitura não construir os abrigos, eles não terão para onde ir", disse Bonfim.
"Não podemos deixar ninguém na rua, mas acho que vão ter que dar reposição todos os sábados", disse Terezinha Gonzaga Lopes, 47, mãe de dois alunos.

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