São Paulo, sexta-feira, 21 de junho de 1996
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Grande campeão

JUCA KFOURI

Ao contrário do escrito aqui na segunda-feira passada, autocrítica não tem limite. A bola de cristal quebrou até para o título palmeirense na Copa do Brasil.
E quebrou sem que haja uma razão para se contestar a legitimidade da conquista do Cruzeiro.
A caminhada mineira foi mais árdua que a palmeirense e sem nada que a empanasse. Desclassificou inapelavelmente o Vasco, o Corinthians, o Flamengo e o Palmeiras. Goleou os dois primeiros, jogou melhor que o Flamengo nas duas vezes e se superou no Parque Antarctica. Deu no que Dida.
Os mineiros estavam inteiros, totalmente concentrados na idéia fixa de ganhar a Copa.
O goleiro fez milagres porque é capaz de fazê-los, e Roberto Gaúcho, há sete anos na Toca da Raposa, jogou sua sexta decisão mantendo a tradição de marcar pelo menos um gol em cada uma delas.
Sem falar que, de leve, a direção cruzeirense teve o bom senso de contratar o professor Dietman Samulski, da Universidade de Colônia, da Alemanha, que dá aulas na Universidade Federal de Minas Gerais e é diretor da Sociedade Brasileira de Psicologia Esportiva. Como os dirigentes souberam da existência de Samulski? Lendo, cinco meses atrás, a Folha, modestamente.
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Mais que causas da derrota, as surpreendentes infelicidades de Amaral e Velloso foram consequências do inexplicável desmanche que a direção alviverde se permitiu fazer em plena decisão de título. O Palmeiras não estava inteiro no Parque Antarctica. Parte, a mais importante, já tinha ido para o Morumbi, e outras partes tinham a cabeça na Europa. A perna de Amaral também (segundo consta, pousou na Itália poucas horas depois da furada histórica).
Aquele time fabuloso do Campeonato Paulista foi mesmo sonho de verão e ganhou apenas um torneio estadual, obtendo o mesmo direito de seu vice, o São Paulo: disputar a Copa do Brasil de 1997.
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O dia 19 de junho ficará marcado para a comunidade italiana de São Paulo.
Primeiro foi a "Azzurra", que parou nas mãos do fabuloso goleiro alemão Koepke, que merecia ter sido expulso, aliás, pelo pênalti que cometeu e defendeu.
Depois foi o Verdão, que parou nas mãos do mágico goleiro baiano Dida, que merece, por sinal, uma estátua na Toca da Raposa.

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