São Paulo, sábado, 22 de junho de 1996
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JUSTIÇA!

JUCA KFOURI

"Os torcedores que compareceram aos estádios pagando seus ingressos -e talvez aí o órgão acusador esteja vendo o prejuízo de número indeterminado de pessoas- o fez (sic) para assistir a um espetáculo desportivo."
"Nesse sentido, todos eles acabaram atendidos, uma vez que, tendo ocorrido a disputa, puderam assistir ao jogo."
"Se aquela disputa teve seus (sic) resultados apontados como fraudados , ou não, isto não implicou em qualquer prejuízo para aqueles que compareceram ao local da partida, uma vez efetivamente assistindo ao espetáculo que pretendiam."
"Não se pode considerar, outrotanto, que a eventual fraude apontada poderia traduzir prejuízo à massa indeterminada que compareceu ao estádio porque viciado o jogo, até porque sabe-se de disputas -entre elas o popular telecatch- que têm seus espectadores e torcedores assíduos, a despeito de mais que divulgada a prévia combinação entre os lutadores para a solução da 'disputa'."
Então, ficamos assim. Segundo a decisão que não viu crime algum no caso da "fita do suborno", como você leu acima entre aspas, futebol e telecatch se equivalem.
A partir de agora o torcedor já sabe: não tem a menor importância se o jogo que ele pagar para ver tem resultado previamente combinado. Ele paga para ver a jogo e ponto.
Do mesmo modo, quem sabe, talvez amanhã alguém decida que se a dona-de-casa comprou carne para alimentar sua família e, depois da refeição, constatou-se que a comida estava estragada, não cabe nenhuma ação contra quem a vendeu. Afinal, a carne serviu ao seu objetivo, foi consumida. De mais a mais, tem gente que compra carne estragada só para dar de comer a sua criação de urubus...
*
É claro que em relação aos direitos do consumidor existe uma legislação específica, o que parece faltar no que diz respeito aos delitos esportivos. E é urgente a discussão desta questão, tantos são os interesses que o esporte envolve, um negócio de bilhões.
Por polêmica que seja a decisão do juiz Marcos Gozzo, como a Folha mostrou ontem, uma coisa certa: os campos esportivos não podem ser terra de ninguém.

A "Gazeta Esportiva" está publicando uma série de reportagens sobre corrupção na FPF. O que mostra que o jornal continua independente. Viva!

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