São Paulo, sábado, 22 de junho de 1996
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Árabes pedirão volta de negociações

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Dirigentes de 21 países árabes se reúnem a partir de hoje no Cairo (capital do Egito) para pedir que Israel retome as negociações baseadas no princípio de concessão de territórios em troca da paz.
"Não haverá mensagens de ameaça nem de advertência, mas haverá uma posição muito clara: é preciso a participação de duas partes para estabelecer e salvar a paz", disse o ministro das Relações Exteriores egípcio, Amr Mussa.
A reunião tem o objetivo de unificar as nações árabes para enfrentar a chegada do primeiro-ministro de Israel, Binyamin "Bibi" Netanyahu, ao poder. É a primeira cúpula árabe desde 1990.
O programa de governo do premiê israelense rejeita a criação de um Estado palestino, a divisão de Jerusalém e mantém a soberania israelense sobre as colinas do Golã, além de rejeitar qualquer cessão futura de território.
Em uma reunião preparatória à conferência, realizada ontem na capital egípcia, os chanceleres dos países árabes discutiram um texto que apóia a criação de um Estado palestino, com a parte leste de Jerusalém como capital.
O documento também considera a paz como uma "opção estratégica" para os árabes, mas considera necessário "um compromisso semelhante por parte de Israel".
Levy
O ministro das Relações Exteriores de Israel, David Levy, que se reuniu com o embaixador do Egito em Israel, disse que seu país deseja ficar em paz com seus vizinhos.
"Estamos há menos de uma semana no poder e já nos julgam", afirmou Levy.
"Não é preciso pressionar Israel em favor da paz, porque este é definitivamente nosso desejo", disse o ministro israelense.
Levy garantiu que Israel respeitará todos os acordos acertados por governos anteriores.
O ministro israelense disse também que o governo do Likud (direita) não vai se recusar a negociar com o líder palestino Iasser Arafat, já que não há outro interlocutor possível.
Arafat, que chegou ontem ao Cairo, se reuniu à noite com o presidente da Síria, Hafez Al Assad.
Foi o primeiro encontro dos dois desde setembro de 1993, quando Assad criticou o líder palestino pela assinatura do acordo de paz com Israel.
Tensão interna
Os países árabes também devem usar a conferência do Cairo para tentar resolver problemas dentro de sua comunidade.
As relações entre Jordânia e Síria, por exemplo, são tensas desde a assinatura do acordo de paz entre Israel e Jordânia, em 1994.
A Jordânia tenta obter uma condenação ao Irã, país acusado de patrocinar o terrorismo, mas aliado da Síria em sua política em relação ao Líbano.
Os participantes também devem discutir as consequências do acordo de cooperação militar acertado entre Turquia e Israel.

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