São Paulo, domingo, 23 de junho de 1996
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

'TV só tem concorrência no domingo'

VANESSA CAMPOS
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Sete anos após trocar o "Perdidos na Noite" da Bandeirantes, pelo "Domingão" da Globo, Fausto Silva, 46, firma-se cada vez mais como campeão de audiência em seu horário.
Fausto Silva conseguiu impor seu estilo na Globo com muito sucesso, a ponto de ser o único apresentador a assumir posturas políticas ao vivo, tornando-se uma espécie de porta-voz de seus telespectadores quando critica o baixo valor do salário mínimo ou reclama das constantes viagens de Fernando Henrique Cardoso.
Leia a seguir trechos da entrevista com o apresentador:
*
Folha - Como se sente apresentando o "Domingão"?
Fausto - Acho fundamental fazer o domingo à tarde. Senão ia ficar eternamente o alternativo do "Perdidos na Noite", só fazendo a antitelevisão. Eu sabia que ia fazer um outro tipo de programa em outra emissora, outra cidade, outro horário. Mas não mudei. Continuei a mesma pessoa. E me adaptei a outro estilo de programa. No primeiro dia de gravação na Globo eu falei: "esta merda vai funcionar ou não?". Antigamente as pessoas falavam: "ele vai ser pasteurizado, vai ser um boneco". Pelo contrário, nunca tive tanta liberdade. Nunca tive restrições ao que falo no ar. Nem da família Marinho e nem do Boni.
Folha - Como define o "Domingão do Faustão"?
Fausto - É um tipo de programa muito difícil de fazer. As pessoas dizem que a televisão é chata no domingo. Não é. O dia que é chato. Porque a grande maioria da população está em casa ou sem dinheiro, ou doente, ou obrigado. E, se você observar, o domingo é o único dia que tem concorrência na TV. De segunda a sábado, só dá Globo. No domingo tem o Gugu (Liberato), tem o Silvio (Santos), que são competentes no estilo deles. Tem esportes na Band, na Record e na Manchete e filmes na CNT. Domingo a Globo sai do ar, não tem "Jornal Nacional" nem novela.
Folha - Uma grande diferença é seu posicionamento político?
Fausto - Este é o único programa de auditório, ao vivo, que as pessoas falam de política, de economia, destes assuntos.
Folha - Há algumas semanas, por exemplo, até o presidente FHC levou uma bronca...
Fausto - Curiosamente, duas semanas depois de eu dar um recado para o presidente parar de viajar e falar com o povo, saía uma pesquisa sobre a queda de popularidade dele. Quando eu falo isso do Fernando Henrique, fico à vontade. Eu votei nele. Acho que é um cara competente, mas está na hora dele falar a linguagem que o povo entende.
Folha - O show das Panteras à tarde gerou reclamações?
Fausto - Acho isso gozado. Tem programa que bota mulher pelada na banheira e ninguém fala nada. A Central de Atendimento do Telespectador da Globo não registrou nenhuma reclamação. O show das Panteras, perto do que acontece à noite, nos filmes e novelas, é um convento, um conto da carochinha.

Texto Anterior: TV PUC transmite debate sobre o amor
Próximo Texto: Atriz Glenn Close fala sobre sua carreira
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.