São Paulo, terça-feira, 25 de junho de 1996
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Famílias travam guerra de versões

ARI CIPOLA; LUCAS FIGUEIREDO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM MACEIÓ E DO ENVIADO ESPECIAL A MACEIÓ

As famílias de Paulo César Farias e de sua namorada, Suzana Marcolino da Silva, travaram uma guerra de versões para o crime durante os velórios dos corpos, na madrugada e durante o dia de ontem, em Maceió (AL).
A principal batalha foi levantada por um dos irmãos de Paulo César Farias, o deputado Federal Augusto Farias (PPB).
Na ânsia de provar a tese de que a namorada matou o empresário e depois se suicidou, chegou a dizer que Suzana já havia tentado o suicídio há cerca de dois meses.
"PC não contou direito. Só disse que os seguranças tiveram que pegá-la", afirmou o deputado.
Ironia
Ainda durante a manhã, outro irmão de PC, o prefeito de Barra de Santo Antonio (AL), Rogério Farias (PPB), se disse convicto de que seu irmão fora mesmo assassinado pela namorada.
Rebatendo a versão dos Marcolino -a família da namorada de PC diz que Suzana era meiga, nunca tinha tocado em uma arma e que, por isso, nunca atiraria em ninguém-, Rogério Farias chegou a ser irônico.
"Para matar uma pessoa não é preciso ser especialista em tiro ou ter cursado uma escola de tiro ao alvo: basta a coragem que ela teve", afirmou.
O irmão de Suzana, Jerônimo Marcolino Filho, 29, rejeita a versão da família Farias. "Não tem lógica. Eles viviam muito bem e ela não tinha motivos", afirmou.
Ele afirma que o corpo da irmã apresentava marcas de luta corporal, o que não sustentaria a hipótese de Suzana ter matado Paulo César enquanto ele dormia.
"Estranho é que os Farias não deixaram ninguém da nossa família entrar na casa de praia de Paulo César para ver os corpos", afirma Jerônimo.
Medo
Amigos de Suzana que preferem não se identificar relatam que a família dela tem medo da reação da família Farias.
Maria Auxiliadora Braulio, mãe de Suzana, contesta a versão de Augusto Farias de que Paulo César teria dado um carro de presente para a namorada, no ano passado.
"O carro (um Fiat Tipo) ficava com ela, mas estava no nome da Blumare (concessionária da família de Paulo César). Já devolvemos os carros", afirmou.
A família de Suzana se queixa que os parentes de PC não avisaram da morte dela.
"Minha mãe soube de tudo pelo programa do Gugu (transmitido pelo "SBT"), disse Jerônimo.
"Nenhum dos Farias entrou em contato comigo", relatou Maria Auxiliadora durante o velório, na madrugada de anteontem.
(ARI CIPOLA e LUCAS FIGUEIREDO)

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