São Paulo, terça-feira, 25 de junho de 1996
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Paulistano crê em conspiração política

DA REPORTAGEM LOCAL

O assassinato de PC Farias foi o assunto ontem em São Paulo. O crime era discutido em restaurantes, shoppings, bancas de jornal e até nas ruas.
Uma enquete feita pela Folha mostrou que a maioria não acredita na hipótese de crime passional. De 24 entrevistados, 80% afirmaram que PC foi morto por "queima de arquivo".
O clima de "conspiração política" tomou conta dos paulistanos. Com medo, a maioria evitou apontar possíveis mandantes do crime, e algumas pessoas não quiseram se identificar.
Um taxista que faz ponto no shopping Eldorado (zona oeste) disse que "não se pode citar nomes, mas que tem político no meio, tem".
Um executivo que almoçava no restaurante Esplanada Grill (Jardins) afirmou que tem certeza que o empresário foi morto por alguém que integrava o esquema de corrupção do governo Collor. "O assassino sabia que o PC sabia de muita coisa, mas decidiu matá-lo depois que a coisa esfriasse", disse.
O publicitário Renato Alves, 25, desconfiou da imprensa: "deram nomes aos bois, mas não a todos".
O vereador José Índio (PPB-SP) acredita que o assassino era alguém conhecido porque "teve acesso livre à casa". "Foi crime político. Ele tinha muito o que contar e agora nunca saberemos o que era", acrescentou.
Para Rodrigo Hayashida, 23, o crime está relacionado com o fato de que PC iria depor no Supremo Tribunal Federal na sexta-feira. "Foi uma morte 'collorida'. O PC tinha muito que falar", afirmou.
Para o advogado Adilson Faria, 48, a hipótese de crime político é plausível. "Não se pode esperar que o advogado de PC confirme essa teoria, porque seria admitir que ele era culpado de corrupção."
Um engenheiro que almoçava no Rubayat (Jardins) disse que PC Farias morreu porque era um "arquivo vivo". "E a namorada morreu porque manuseava o arquivo", explicou.

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