São Paulo, terça-feira, 25 de junho de 1996
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PF afirma ter reunido várias provas

ABNOR GONDIM
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A PF (Polícia Federal) afirma ter reunido "farta quantidade de provas testemunhais e documentais" contra Paulo César Farias, que indicaria a prática de crime de formação de quadrilha durante o governo Collor (1990-1992).
Além de PC, assassinado anteontem, em Maceió, a PF acusa Collor de ter participado do esquema "como sustentáculo velado das atividades criminosas do grupo".
As afirmações constam do inquérito 113/92, o chamado "inquérito-mãe", instaurado para apurar as denúncias contra PC feitas à revista "Veja", em maio de 92, por Pedro Collor, irmão do ex-presidente.
Conduzido pelo delegado Paulo Lacerda, o inquérito foi concluído no dia 21 de maio deste ano.
As chamadas "provas" contra o esquema PC estão distribuídas em 267 mil páginas, levadas em um caminhão ao juiz da 10ª Vara da Justiça Federal em Brasília, Pedro Paulo Castello Branco.
Para Lacerda, Collor "nada fez para impedir a ação inescrupulosa de PC". Collor é também acusado de ter sido "um dos grandes beneficiários do dinheiro ilícito que pagava as suas despesas particulares e de alguns de seus familiares".
Provas
As novas provas ainda não foram apreciadas pelo STF (Supremo Tribunal Federal).
Em dezembro de 1994, o STF julgou as "provas" reunidas até outubro de 1992. Na época, Collor foi absolvido pelo STF, e PC foi condenado por falsidade ideológica.
No mesmo julgamento, o Supremo rejeitou o enquadramento dos acusados em crime de formação de quadrilha. Esse foi o primeiro inquérito aberto para apurar os crimes atribuídos a PC. Outros 120 foram instaurados para investigar as ramificações do esquema PC.
Extorsão
O inquérito aponta que os integrantes do esquema PC se dedicavam à prática de extorquir empresários em troca de doações a campanhas eleitorais ou para obter vantagens públicas.
Segundo o inquérito, a ex-ministra da Economia Zélia Cardoso de Mello "promoveu vultosa reforma em sua casa, à custa de dinheiro fornecido pelo esquema". Zélia irá depor no STF na quinta-feira.
Mais 12 pessoas são acusadas de participar da quadrilha, como o piloto Jorge Valdério Bandeira de Melo, ex-sócio de PC.

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