São Paulo, terça-feira, 25 de junho de 1996
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Arbitragem 'não enxerga' contusões

JOÃO CARLOS ASSUMPÇÃO
DA REPORTAGEM LOCAL

Dois pesquisadores ingleses querem mudar o critério de marcação das faltas em jogos de futebol.
Os médicos Colin Fuller e Richard Hawkins analisaram 44 das 52 partidas da Copa do Mundo de 94 e concluíram que 71% das contusões ocorreram em lances nos quais o juiz não apontou falta.
"Algo está errado no fato de apenas 29% das lesões terem sido em jogadas consideradas faltosas", disse Fuller à Folha, professor da Universidade de Loughborough, que publicou o estudo no "British Journal of Sports Medicine".
Segundo Fuller,"65% dos contundidos se machucam depois de contato corporal com o adversário". "Se a maior parte destes lances passar a ser considerada faltosa, cai o número de lesionados."
A principal medida proposta pelos pesquisadores é proibir o "carrinho", jogada na qual o atleta desliza pelo gramado, com as duas pernas esticadas, para tirar a bola do adversário ou fazer falta.
Pesquisas indicam que 23% das lesões no futebol profissional decorrem dos "carrinhos".
Como o empurra-empurra dentro da área, em cobranças de escanteio, ocasiona 62% das lesões da cintura para cima, a idéia é passar a puni-lo com cartões.
"O juiz vê troca de agressões, empurrões e cotoveladas na área, mas não faz nada", lamentou Fuller. "Tudo vira jogo de corpo, quando o que se vê é agressão para machucar o adversário."
Eurocopa
Segundo Colin Fuller, a Eurocopa, disputada na Inglaterra, apresenta jogos mais violentos do que os da Copa dos EUA.
"Os árbitros não têm mostrado o mesmo rigor do Mundial, e, proporcionalmente, o número de contusões tende a crescer."
O estudioso inglês defende punição mais rigorosa para os juízes. "Eles deveriam ser processados. Apitando mal, estão colocando em risco a carreira dos jogadores."
Outro problema apontado por Fuller é a má preparação das equipes momentos antes dos jogos e no intervalo das partidas.
"Não é por acaso que os jogadores tendem a se machucar nos primeiros 10 ou 15 minutos de cada tempo", declarou.
"Os músculos devem estar bem aquecidos, mas, por incrível que pareça, ainda hoje os jogadores usam o intervalo só para relaxar e entram frios no segundo tempo."

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