São Paulo, terça-feira, 25 de junho de 1996
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História foi inspirada em fato verídico

DR
DA REPORTAGEM LOCAL

"Um Céu de Estrelas" é uma história urbana, inspirada em um fato real, que se passa no bairro paulistano da Mooca.
Um homem, que trabalha como metalúrgico em uma empresa, é demitido e, após levar "um fora" da namorada, resolve sequestrá-la para recuperar o relacionamento.
Sua atitude se mostra desastrosa com o passar do tempo. A relação entre eles fica doentia e violenta. "Os sentimentos mais primitivos dominam a cena por ambos estarem abandonados e pela sua incapacidade de se comunicar", afirma Lígia. No filme e na peça, ele se chamará Vítor, e ela, Dalva.
Enquanto no livro o foco narrativo fica com o homem, nas versões para filme e peça, ele foi deslocado para a personagem feminina. "A câmera não desgruda dela no filme", afirma Tata.
Dalva é uma mulher jovem, uma cabeleireira que ganha um concurso para participar de um workshop em Miami. Dalva e Vítor têm uma relação que espelha a vida da grande cidade. A dura rotina de trabalho, poucas opções de lazer, a necessidade de ter alguém menos para dividir os problemas e mais para não ficar absolutamente só.
"A história é visceral, é verdadeira. No começo, ela assusta um pouco, mas é impossível não se envolver", diz Lígia.
A peça
A versão de "Um Céu de Estrelas" para teatro nasceu a oito mãos. Lígia Cortez, Tata Amaral, Fernando Bonassi e Jean-Claude Bernardet assinaram. "Fizemos a adaptação da adaptação. Usamos o roteiro do filme para adaptá-lo para o teatro", afirma Lígia.
Nas cenas de sexo, Lígia tomou cuidado para não banalizar a história e, ao mesmo tempo, escapar da caretice. "Consegui fugir da 'esfregação' coreografando a cena", conta. Por isso, procurou atores que unissem radicalidade de expressão e atuassem com a profundidade que o texto exige.
Foi esse aspecto do texto que convenceu Lígia de que era hora de ela iniciar sua carreira de diretora.
"Estava cansada das comédias e queria fazer algo diferente. Este é um texto autêntico da minha geração. É também um texto de risco: tem que provar que é muito bom nos seus cinco primeiros minutos de cena", diz.

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