São Paulo, terça-feira, 25 de junho de 1996
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Schneider é a nova diva das "big bands"

CARLOS CALADO
ESPECIAL PARA A FOLHA, EM NOVA YORK

Ela tem nome de atriz de cinema e até se parece com Meg Ryan, mas seu negócio é escrever para orquestra. Atração do último domingo, no JVC Jazz Festival, a compositora e arranjadora Maria Schneider, 35, mostrou por que vem sendo festejada como a nova sensação do jazz orquestral.
Exibindo suas inovadoras composições para "big band", além de reger os históricos arranjos que Gil Evans escreveu para Miles Davis, Maria injetou a primeira dose de modernidade nesta edição do evento nova-iorquino.
"Minha música tem muito pouco a ver com o som das antigas big bands. É por isso que, às vezes, fãs de big bands odeiam o que eu escrevo", disse à Folha, logo após o concerto no Florence Gould Hall.
A noite foi realmente especial para a garota da cidadezinha de Windom, em Minnessota. Após se formar em teoria e composição pela universidade local, ao se radicar em Nova York, em 1985, Maria se viu, de um dia para o outro, como assistente de Gil Evans.
"Foi uma das experiências mais incríveis da minha vida. Ele sabia como transportar espiritualidade para a música", diz, lembrando os três anos que passou ao lado do mestre, até sua morte.
O álbum "Coming About", recém-lançado, traz um dos melhores momentos do concerto de Maria no JVC Festival: a longa suíte "Scenes from Childhood".
"Eu costumo partir de lembranças ou imagens visuais para escrever minhas peças. Como no cinema, tento fazer o possível para prender a atenção do ouvinte, inclusive surpreendê-lo."
Ela não acompanhou a Gil Evans Orchestra, quando esta se apresentou no Brasil, no Free Jazz de 1987. "Adoro a música brasileira. Meu favorito é João Gilberto", diz.
Diferentemente do que se esperaria, ela diz não enfrentar problemas ao dirigir uma orquestra de 17 homens, ou mesmo para ser aceita em um universo predominantemente masculino, como o do jazz.
Chick Corea
O pianista e compositor norte-americano Chick Corea é a principal atração de hoje, no JVC Jazz Festival. Acompanhado por jovens talentos, como o saxofonista Joshua Redman e o contrabaixista Christian McBride, Corea comanda um tributo ao pianista Bud Powell, no Carnegie Hall.
Outra atração de hoje é a orquestra dirigida pela veterana pianista Toshiko Akiyoshi.

O jornalista Carlos Calado viaja a convite da United Airlines e da JVC do Brasil.

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