São Paulo, quinta-feira, 27 de junho de 1996
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Legistas e PF provocam 'rebelião' em AL

XICO SÁ
ENVIADO ESPECIAL A MACEIÓ

O anúncio das participações da Polícia Federal e de legistas da Unicamp nas investigações da morte de PC causou uma rebelião no comando da Polícia Civil de Alagoas.
O descontentamento chegou ao gabinete do governador Divaldo Suruagy (PMDB), que durante o dia de ontem procurava acalmar os ânimos dos policiais envolvidos com o caso em Maceió.
Segundo apurou a Folha no Palácio dos Martírios, sede do governo, o secretário de Segurança, José Amaral, comunicou a revolta a Suruagy e disse que temia um pedido de demissão do delegado Cícero Torres, que comanda o inquérito.
Amaral também não estava contente com as últimas decisões. A exemplo de Torres, ele também está convicto de que o crime foi de natureza passional e não haveria cabimento a PF entrar na história.
O cenário já não era dos melhores desde o final da tarde de anteontem, quando o legista George Sanguinetti questionou tecnicamente os laudos da Polícia Civil.
Desmoralização
Para os policiais que participam das apurações do crime no Estado, a equipe de legistas e a Polícia Federal irão fazer uma espécie de "intervenção" no caso.
Delegados ouvidos pela Folha acham que isso significa uma desmoralização para a Polícia Civil alagoana. Os policiais de Alagoas envolvidos com o inquérito ficaram irritados com a ordem do diretor da PF, Vicente Chelotti, para que policiais federais fiscalizem o trabalho feito em Maceió.
A PF de Alagoas nega que esteja "vasculhando" as atividades da Polícia Civil. Informa que fazia apenas o acompanhamento do caso, enquanto aguardava a decisão de Brasília para entrar oficialmente nas apurações.
Com a decisão tomada ontem pelo ministro da Justiça, Nelson Jobim, a PF deve entrar ainda nesta semana nas investigações.
Existe, no entanto, uma dificuldade técnica: o superintendente da Polícia Federal em Maceió, Bergson Toledo, disse ontem que vai precisar de uma equipe de especialistas vinda de Brasília.
Convicto
O delegado Torres prefere não criticar em público a vinda da PF, mas diz que não há dúvida sobre o motivo da morte de PC e sua namorada Suzana: paixão.
Torres acha que qualquer outra versão seria fruto de "mente doentia". Ele discorda que a Polícia Civil tenha divulgado informações precoces.
A entrada de policiais federais na história obedece a uma vontade do governo federal, que apenas negociou com Suruagy para não ficar a imagem de uma "intervenção".

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