São Paulo, sexta-feira, 28 de junho de 1996
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Augusto afirma que depõe "mil vezes"

PF e imprensa 'brincam de telenovela', diz

XICO SÁ
ENVIADO ESPECIAL A MACEIÓ

O deputado federal Augusto Farias (PPB-AL) disse ontem que a Polícia Federal e a imprensa estão "brincando de telenovela" com a morte do seu irmão, Paulo César Farias, o PC.
Ele ficou irritado com a inclusão do seu nome como suspeito do crime e afirmou que vai depor até "mil vezes" se for preciso.
Augusto deve ser convocado para prestar esclarecimentos no inquérito aberto para investigar a morte de PC e sua namorada, Suzana Marcolino, na madrugada do último domingo.
"Ninguém se lembra que Paulo César deixou dois filhos e eles podem enlouquecer com isso tudo", disse. O deputado será o tutor de Paulo, 14, e Ingrid, 16.
O deputado classificou de "delírio irresponsável" a entrada do seu nome na lista dos suspeitos.
Ele defendeu toda a equipe de funcionários e seguranças que auxiliava e protegia PC na madrugada do crime na casa de praia do empresário: "A família não duvidou por nem um segundo de nenhum deles."
Reconstituição
Augusto contou que chegou à casa de praia de PC na noite de sábado, por volta das 20h. Estava acompanhado de uma amiga, Milane, e do seu irmão Cláudio.
Durante a conversa com ex-tesoureiro de Collor, sobre política, beberam um uísque -"de 65 anos"- trazido por Ingrid, a filha de PC que havia chegado da Suíça, onde estuda.
Augusto relata que Suzana, a namorada de PC, chegou por volta de 21h. "Vestia uma blusa vermelha, calça jeans, usava botas e uma bolsa preta."
Nesta bolsa estaria a arma do crime, o revólver 38 comprado nove dias antes do assassinato.
Cláudio Farias, de acordo com Augusto, foi embora por volta das 23h. Ele ficou com Milane. Continuaram bebendo o uísque e comeram espetinhos de camarão oferecido por PC.
Por volta da meia-noite, ele foi embora com a amiga para casa. Ele mora no edifício Tartana, no bairro Ponta Verde.
No dia seguinte, quando estava no carro e seguiria viagem para a cidade de Tanque D'Arca, no interior de Alagoas, recebeu o telefonema de Reinaldo Correia de Lima, segurança da casa de PC.
"Augusto, venha aqui correndo", teria dito o segurança. "Fala para o Paulo que eu converso com ele depois", teria respondido Augusto Farias.
Reinaldo disse: "Venha aqui na casa de praia que o assunto é mais sério do que você imagina".
Augusto conta que chegou por volta do meio-dia, pulou a janela do quarto, já forçada com um ferro pelo segurança, e viu os corpos estendidos na cama.

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