São Paulo, sexta-feira, 28 de junho de 1996 |
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Eisenstein ainda brilha
INÁCIO ARAUJO
Primeiro porque é soviético, segundo porque é de Sergei M. Eisenstein, um autor de contribuição quase infinita para o cinema. O que igualaria "Nevski" seria o fato de ser um filme de propaganda. Não foi por acaso que Stálin programou, nos anos 30, a filmagem da história do czar que combateu os germânicos. Hitler já estava no poder. Stálin sabia que, mais cedo ou mais tarde, a Alemanha viria para cima da URSS. Eisenstein não raro se opôs a Stálin (e não raro ficou na geladeira). Mas desta vez não tinha o que opor a este épico patriótico. Como o contexto histórico já se alterou, o espectador de hoje tem a oportunidade de fixar sua atenção na beleza quase insuperável das imagens de Eisenstein. Talvez ele fosse, sinceramente, um comunista. Mas, com certeza, era um esteta, no sentido em que criava incessantemente formas para expressar visualmente suas idéias. E basta ver um conjunto de lanças, ou a célebre batalha no gelo, para perceber que a URSS pode ter acabado, mas o gênio de Eisenstein, não. A TV5, canal em língua francesa, também dá o ar de sua graça, programando "Os Amantes", de Louis Malle (à 0h). No fim dos anos 50, o filme foi um escândalo internacional, com a história da mulher insatisfeita (Jeanne Moreau) que procura seu amor. O escândalo passou, mas a delicadeza de Malle continua. E Moreau está ótima. No mais, o filme passa com legendas em espanhol. (IA) Texto Anterior: CLIPE Próximo Texto: 'Corcunda' é perversão operística para crianças Índice |
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