São Paulo, sexta-feira, 28 de junho de 1996 |
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ARMAS DE FOGO O fato de a arma que matou Paulo César Farias e Suzana Marcolino da Silva ter sido originalmente comprada por um policial militar e ter passado por tantas pessoas antes de ser adquirida pela namorada do ex-tesoureiro de Fernando Collor de Mello enseja uma reflexão sobre o controle de armas no Brasil. Trata-se de uma arma ilegal -ela não poderia ser vendida antes de um prazo de seis anos- que se encontrava nas mãos de uma cidadã comum, aparentemente sem nenhuma necessidade de andar armada. Infelizmente, é praxe no país cidadãos comuns acharem que estão mais protegidos pelo fato de possuir uma arma de fogo, quando o que ocorre é exatamente o inverso. As brutais diferenças entre as taxas de homicídios por cem mil habitantes verificadas no Brasil e nos EUA, de um lado, e na Europa e no Japão, de outro, se explicam em parte pela existência de um controle de armas mais rigoroso nesse segundo grupo de países. O maior número de assassinatos registrados nos fins-de-semana também se explica parcialmente pela letal combinação álcool-discussão-arma de fogo. É urgente, portanto, que as autoridades tomem atitudes mais rigorosas para evitar que tantas pessoas percam a vida por motivos fúteis. A primeira medida seria revogar todos os portes de armas já concedidos no país e convocar as pessoas para um recadastramento. Só deveriam ser renovados os portes de quem comprovar a necessidade profissional ou pessoal de de fato andar armado. As penas para quem portar indevidamente uma arma de fogo deveriam ser ampliadas. Como quase tudo no Brasil, a legislação que regula o uso de armamentos é relativamente boa, mas o mercado negro como que anula os efeitos dessa legislação. E cidadãos comuns andando armados sem treinamento específico para tal apenas alimentam ainda mais esse mercado negro. Isso quando não perdem, além da arma, a vida. Texto Anterior: AO SABOR DOS VENTOS Próximo Texto: Vida de rico Índice |
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