São Paulo, sábado, 29 de junho de 1996
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Desemprego surpreende argentinos

DANIEL BRAMATTI
DE BUENOS AIRES

A taxa oficial de desemprego na Argentina subiu de 16,4% para 17% nos últimos seis meses.
Os números, divulgados ontem, constrangeram o governo, que na véspera comemorava a suposta redução do índice, com base em um relatório preliminar do Indec (Instituto Nacional de Estatísticas e Censo).
O presidente Carlos Menem passou toda a quarta-feira dizendo que a taxa não superaria 16%. Ontem, chegou a negar a realidade ao comentar os números definitivos.
"Não se pode avaliar só um aspecto da coisa. Há um desenvolvimento, um crescimento que surge de outros índices, de outros aspectos do mundo econômico. O importante é que se deteve o desemprego e que está caindo", afirmou.
A "queda" citada por Menem seria em relação a maio de 1995, quando o desemprego atingiu o recorde de 18,6%.
O ministro da Economia, Domingo Cavallo, também preferiu desconsiderar o fato de que as pesquisas do Indec são semestrais.
"Qualquer avaliação mostra que o desemprego caiu na comparação relevante, que é com a de maio do ano passado", afirmou.
A má notícia foi anunciada a apenas 48 horas da primeira eleição direta para a Prefeitura de Buenos Aires.
Menem esperava que a divulgação de uma taxa menor ajudasse seu candidato, Jorge Domínguez, que amarga um terceiro lugar nas pesquisas.
Crise
Em números absolutos, a Argentina teria hoje 2,04 milhões de desempregados, 94 mil a mais do que em outubro de 95, data do último levantamento oficial.
Também houve um incremento no número de subempregados. Em seis meses, eles passaram de 11,3% da PEA (População Economicamente Ativa) para 12,7%.
Isso significa que cerca de 1,5 milhão de argentinos trabalham em regime de meio-turno ou irregularmente, sem nenhum vínculo empregatício formal.
Na Grande Buenos Aires, a taxa de desemprego é de 18%. Em toda a Província -a mais desenvolvida do país-, chegou a 20,5%.
Dúvidas
O secretário-geral da CGT (Central Geral dos Trabalhadores), Gerardo Martínez, disse ontem que duvida da validade dos números oficiais. Um levantamento da central estimou em 19,2% a taxa de desemprego.
Também houve sinais de ceticismo na oposição. "Para nós, está claro que nunca houve tantos desempregados como hoje", disse o presidente da UCR (União Cívica Radical), Rodolfo Terragno.

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