São Paulo, sábado, 29 de junho de 1996
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O PT e os benefícios

FERNANDO RODRIGUES

Brasília - Os funcionários públicos do Espírito Santo ganham um prêmio quando vão trabalhar. Depois de dez anos, aqueles que têm assiduidade comprovada ganham um adicional de 25% no salário.
Não importa como trabalhem. Basta que batam o ponto todos os dias. Essa esdrúxula premiação não foi obra do PT. Muito pelo contrário. O PT, hoje no poder no Espírito Santo, quer acabar com ela.
Vitor Buaiz, o governador petista do Espírito Santo, mandou para a Assembléia Legislativa de seu Estado um projeto de lei acabando com todos os privilégios acumulados por servidores nas últimas décadas.
Buaiz deseja acabar com o privilégio por dois motivos. Primeiro, por considerar esse mecanismo um despautério. E, principalmente, porque faltam cerca de R$ 24,5 milhões todo mês na hora de o Estado pagar suas contas.
"Desde abril só pago salários de até R$ 800. Já temos uma dívida de quase R$ 150 milhões", diz Buaiz, em tom de desespero e perplexidade.
A perplexidade fica por conta das dificuldades que o governador encontra na Assembléia Legislativa. Não apenas por parte da oposição. Mas, acima de tudo, do seu próprio partido, o PT. A bancada capixaba petista, de quatro deputados, lidera a oposição ao projeto de Buaiz.
O governador concorda em manter o privilégio para quem já o tem. Os deputados pediram, então, que o benefício fosse dado de forma proporcional ao tempo trabalhado para quem está a caminho de obtê-lo.
Buaiz disse a esta coluna que aceita a concessão proporcional. Tudo resolvido? Não. Agora, os deputados petistas querem mais. Pedem que o governador apresente já um plano de carreira para os funcionários públicos capixabas.
Com isso, é improvável que o fim dos benefícios seja votado antes de agosto. Até lá, o déficit do Espírito Santo continuará subindo.
É o PT aprendendo a governar.

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