São Paulo, domingo, 30 de junho de 1996
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PC é encontrado morto em Alagoas

LUIZ CAVERSAN; XICO SÁ
DOS ENVIADOS ESPECIAIS A MACEIÓ

O empresário Paulo César Farias foi encontrado morto em sua casa de praia no domingo, dia 23.
O ex-tesoureiro da campanha eleitoral de Fernando Collor e principal causa de sua renúncia morreu com um tiro de revólver.
Seu corpo estava ao lado do de sua namorada Suzana Marcolino, também morta com um tiro.
O delegado Cícero Torres, que assumiu a responsabilidade pelo caso, afirmou ainda no domingo ter certeza de que se tratava de um crime passional: com ciúmes por causa de outras relações amorosas de PC, Suzana matou o namorado e depois se suicidou.
Torres autorizou a família de PC a destruir objetos que faziam parte do cenário do crime, como roupas e o colchão onde foram encontrados os corpos. O sangue foi lavado no quarto. Peritos e legistas criticaram a atuação da polícia.
A tese do crime passional foi imediatamente adotada pela família de PC. Os irmãos do empresário descartaram a possibilidade de o ex-tesoureiro ter sido eliminado por questões políticas -ele era considerado um arquivo vivo dos negócios irregulares realizados ao tempo do governo Collor (90-92).
Após uma série de investigações e depoimentos, começaram a surgir novas versões para o caso.
A mais corrente dava conta de que Suzana teria matado PC, e os seguranças da casa, ao ouvir o tiro, invadiram o quarto do casal e executaram a moça.
Ao longo da semana figuraram na lista de suspeitos o irmão do empresário, deputado Augusto Farias (PPB-AL); o secretário particular e chefe da segurança de PC, Flávio Almeida Jr.; e Zélia Maciel, prima de Suzana e intermediária na compra da arma do crime.
Um fato novo surgiu na quinta-feira, dia em que o dentista paulista Fernando Colleoni apresentou fita gravada na madrugada do domingo com a voz de Suzana. Na conversa, ela fez declarações de amor a Colleoni.
Com as investigações, as principais suspeitas continuaram recaindo sobre os quatro seguranças da casa, todos PMs, a ponto de o comando da PM ter decidido, na sexta-feira, deter os quatro.
(LUIZ CAVERSAN e XICO SÁ)

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