São Paulo, domingo, 30 de junho de 1996
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Cirurgia plástica chega à intimidade

AURELIANO BIANCARELLI e NOELLY RUSSO

AURELIANO BIANCARELLI; NOELLY RUSSO
DA REPORTAGEM LOCAL

Cresce procura por estreitamento vaginal e engrossamento peniano; médico diz que não há benefício fisiológico

O culto ao corpo no Brasil e no mundo direcionou o bisturi dos cirurgiões plásticos para a intimidade de homens e mulheres.
Nos últimos cinco anos, a cirurgia dos genitais -como é chamada- aumentou 20 vezes em uma única clínica de São Paulo.
Antes exclusivas de ginecologistas e urologistas, cirurgias de estreitamento vaginal, engrossamento ou até de redução da espessura do pênis são agora disputadas por cirurgiões plásticos.
Médicos também oferecem implantes de pêlos pubianos e aumento de até quatro centímetros no comprimento do pênis.
Os "milagres" custam de R$ 2.000 a R$ 4.000. E nem sempre satisfazem a clientela, alerta o Conselho Regional de Medicina.
Para Edmund Chada Baracat, presidente da Sociedade Paulista de Ginecologia, os procedimentos não têm nenhuma função fisiológica. "É pura estética."
O cirurgião plástico francês Jean-Pierre Fournier atribui o aumento na procura à democratização das cirurgias íntimas.
"As mulheres estão descobrindo que o rejuvenescimento vaginal é tão possível quanto uma plástica dos seios", diz o cirurgião plástico Murillo Caldeira Ribeiro.
Em Fortaleza, a médica Yhelda Felício, uma das precursoras da cirurgia estética em genitais, diz que teria mais pacientes se homens e mulheres soubessem que existe um tratamento.
Yhelda deixa claro que não interfere no terreno dos ginecologistas. "Uso a lipoescultura na maioria das vezes. A vantagem é não deixar cicatrizes."
"Resolvi casos de macropênis (pênis com tamanho muito acima da média) e de homens que consideravam seu órgão pequeno", afirma Alfredo Dones Romero, 40, cirurgião vascular.
Roberto Tullii, também cirurgião vascular, se apresenta como especialista em alongar e aumentar o volume do pênis.
Segundo seus números, os pacientes passaram de 3 para mais de 15 por mês nos últimos dois anos. "As técnicas estão se sofisticando, e os homens, criando coragem de buscar soluções para seus problemas íntimos", afirma Tullii.
Em Curitiba, a médica Marilene Cristina Vargas fica longe dos bisturis e prefere ginásticas especiais.
Ela recebe mulheres de todo o país para corrigir pequenos lábios que escurecem ou ficam flácidos.
Com equipamentos e exercícios, as pacientes recuperam a musculatura da vagina e voltam a ter orgasmos. "De 92 para cá, tripliquei o número de pacientes."

LEIA MAIS sobre cirurgias íntimas da pág. 2 à 5

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