São Paulo, domingo, 30 de junho de 1996
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Promessas exigem 'muito dinheiro'

DA REPORTAGEM LOCAL

Técnicos e ex-secretários estaduais avaliam que as obras prometidas pelos secretários da área de infra-estrutura do governo Mário Covas são realizáveis desde que haja muito dinheiro para investir.
Uma das promessas é fazer dos trens e metrô o principal meio de transporte público nos próximos seis anos.
Hoje, segundo dados do governo, os ônibus são o principal meio de transporte público (dois terços do total de usuários). A seguir, vem o transporte sobre trilhos (um terço). O governo tucano propõe chegar a 50% para cada.
Para Aloysio Nunes Ferreira (PMDB), deputado federal, secretário de Transportes Metropolitanos e vice-governador da gestão Fleury (1991-1994), tanto a promessa quanto o prazo são "plausíveis".
"Desde que o governo vá buscar recursos externos para investir no setor", afirma.
Para o ex-secretário, seria preciso cerca de R$ 1 bilhão para cumprir a maior parte do plano tucano para os transportes metropolitanos. O valor é exatamente o dobro do que o governo tem no orçamento de 1996 para todos os investimentos no ano.
Eclusa e usinas
A conclusão da eclusa de Jupiá em 15 meses e das usinas de Taquaruçu e Rosana (todas no interior do Estado) ainda este ano também são "bem possíveis", segundo o ex-diretor da Cesp e da Eletrobrás (centrais elétricas de São Paulo e Brasileira) Lindolfo Ernesto Paixão.
Para Paixão, engenheiro, "basta colocar dinheiro nessas obras que elas acabam".
Ele faz a mesma análise sobre a promessa do governo de eletrificar 100 mil propriedades rurais do Estado em um ano (são 200 mil ao todo não-eletrificadas).
"O processo de eletrificação é simples e não utiliza tecnologia complexa. Com dinheiro, ele é feito em curto prazo", afirma.
Fim do rodízio
O fim do rodízio de abastecimento de água até o final de 98 é outra promessa do secretariado.
Mas seu cumprimento encontra empecilhos técnicos, ambientais e financeiros.
"Para mininizar o rodízio, a Sabesp terá de buscar uma solução final para a perda de água no sistema, que deve estar por volta de 40% do captado (a média mundial é de 20%), e procurar imediatamente novos mananciais para suprir a demanda crescente por abastecimento", afirma Luiz Appolonio Neto, ex-presidente da Sabesp.
A perda de 40% de água, segundo ele, é dividida em dois pontos: 20% se perde no próprio sistema (vazamentos), 20% devido a ligações clandestinas.

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