São Paulo, domingo, 30 de junho de 1996
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Governador britânico quer saída com dignidade de Hong Kong

The Independent
de Londres

STEPHEN VINES
EM HONG KONG

Um ano depois deste fim-de-semana, se tudo acontecer como o previsto, Chris Patten, o último governador britânico de Hong Kong, estará na proa do navio HMS Brittania com o príncipe Charles a seu lado, dando adeus a Hong Kong, que dentro de um ano deixará de ser colônia britânica.
"Não sou completamente idiota", disse ele ao jornal. "Não acho que o Reino Unido deveria planejar uma partida triunfal."
Em vez disso, acha que a retirada deve ser processada com dignidade. Mas as relações sino-britânicas andam tão ruins que a China não quer nada além de uma cerimônia sumária de entrega.
A discussão sobre a cerimônia de partida acontecem há mais de um ano, e é possível que acabem mal.
Ele próprio constitui parte do problema. A China o qualifica como criminoso e não suporta a idéia de que o governador desempenhe algum papel de importância nas cerimônias de entrega da colônia. Patten nega.
Não está claro até que ponto a população de Hong Kong se preocupa com a maneira em que se dará a retirada britânica.
Os britânicos se tornam cada vez mais secundários nos assuntos da colônia. Patten admite que "um clima negativo" foi criado devido à recusa de Londres em conceder aos detentores de passaportes britânicos de Hong Kong o direito de residência no Reino Unido.
Ele diz que as pessoas se ressentem porque o Reino Unido está tendo que pôr fim a este episódio colonial de maneira totalmente diferente à de todos os outros.
"Aqui uma sociedade livre está sendo entregue a uma sociedade que, digamos assim, tem uma visão diferente de liberdade."
Embora estivesse criticando o governo britânico, o comentário certamente provocará o ressentimento das autoridades chinesas.
Pequim não o perdoa por haver promovido as reformas políticas que deram lugar a uma forma de governo mais representativa.
Segundo ele, não havia maneira melhor de obter reformas, as quais formam uma das bases do acordo de transferência de soberania.
Seus críticos afirmam que, se o governador tivesse tido mais cuidado ao tratar com a China, teria sido possível conquistar um grau maior de mudanças duradouras.
Diferentemente de muitos setores da colônia, Patten parece acreditar que os políticos pró-democracia de Hong Kong, hoje rejeitados pela China, serão aceitos no cenário político. Quanto aos próprios democratas, a maioria já vê o governador como força do passado. Na palavra de um deles: "Duvido que ele gaste tempo pensando em nós depois de ir embora".

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