São Paulo, quarta-feira, 3 de julho de 1996
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Palhares vê 'forte indício' de que Suzana se matou

EMANUEL NERI
LUCAS FIGUEIREDO

EMANUEL NERI; LUCAS FIGUEIREDO
ENVIADOS ESPECIAIS A MACEIÓ

Corpos são exumados; laudo sairá somente na próxima semana

O legista Fortunato Badan Palhares, da Universidade de Campinas, confirmou ontem que "há fortes indícios" de que a namorada de PC Farias se suicidou após matar com um tiro o ex-tesoureiro da campanha presidencial de Fernando Collor.
A conclussão de Palhares -que determinou a exumação dos corpos e realizou novos exames cadavéricos- confirma a tese da polícia alagoana, que sustenta a versão de crime passional -homicídio seguido de suicídio- desde a morte de PC e Suzana, dia 23 de junho.
Palhares elogiou o trabalho feito em Alagoas. "Posso dizer que o trabalho dos legistas e peritos criminais que acompanharam o caso, com todas as dificuldades que tiveram, foi um trabalho digno do nome de Alagoas", declarou.
A Folha antecipou ontem que Palhares confirmaria esta versão, a partir de informações contidas nos relatórios dos legistas alagoanos.
Para Palhares, PC morreu no máximo dois minutos após receber o tiro. Ele confirmou a versão alagoana de que o empresário estava deitado ao ser atingido.
Suzana, segundo disse, demorou cerca de 15 minutos para morrer.
A exumação foi feita à tarde, cercado de grande esquema de segurança. Toda a operação demorou cinco horas.
Palhares afirmou que há 50% de chance de se confirmar que Suzana se suicidou após matar PC. Este número também reforça a tendência de Palhares concluir definitivamente pelo suicídio de Suzana.
Exames
O legista é seguidor da escola alemã de medicina legal, segundo a qual em princípio toda morte deste tipo é um homicídio. Portanto, ele iniciou seus trabalhos considerando que ela tinha sido morta. Hoje já não pensa assim.
O legista da Unicamp retirou parte dos pulmões, rins e da pele por onde passaram os projéteis para novas análises na universidade paulista. O laudo final deve ser divulgado na próxima semana.
Os caixões com os dois corpos, sepultados no dia 24 de junho, foram abertos ainda no cemitério. O forte mal cheiro atraiu urubus que sobrevoavam a área. No IML também havia grande quantidade de urubus sobrevoando.
Os corpos foram retirados das sepulturas entre 14h35 e 15h35. Antes das 16h, foram iniciadas as autópsias. O primeiro corpo a ser examinado foi o da namorada de PC. Foi tirada uma radiografia de seu pescoço, confirmando que ele não estava quebrado.
Essa possibilidade foi levantada pelo legista George Sanguinetti, da Universidade Federal de Alagoas, que critica o trabalho dos legistas e da polícia estaduais. Para ele, PC e Suzana foram assassinados.
Novas investigações
A Polícia Federal está abrindo uma nova frente de investigações sobre as mortes de PC e Suzana.
Desembarcou ontem em Maceió o delegado federal Pedro Belwangeer. Ele vai acompanhar o trabalho que está sendo feito pela polícia local e rechecar todos os dados até agora levantados. Outros agentes da PF já estavam em Maceió.
As diligências da PF poderão explicar, por exemplo, a origem das roupas sujas de sangue encontradas anteontem no carro de Suzana, que ainda se encontra no quintal da casa em que ocorreu o crime.

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