São Paulo, quarta-feira, 3 de julho de 1996
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Laudo da exumação sai só na próxima semana

EMANUEL NERI
LUCAS FIGUEIREDO

EMANUEL NERI; LUCAS FIGUEIREDO; JUCA VARELLA
ENVIADOS ESPECIAIS A MACEIÓ

Delegado da Polícia Federal chega para rechecar informações

Somente na próxima semana deverá estar concluído o laudo sobre as mortes de PC Farias e de sua namorada Suzana Marcolino, cujos corpos foram exumados ontem.
Mas os legistas e a polícia alagoana já trabalham com a confirmação da tese de homicídio seguido de suicídio.
A exumação dos dois corpos, sepultados em 24 de junho, durou cerca de meia-hora no Cemitério Parque das Flores, em Maceió.
A operação foi comandada pelo legista Fortunato Badan Palhares, da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas). Após a exumação, os dois corpos foram levados juntos para o IML de Maceió.
Armados de metralhadoras, cassetetes e bombas de gás lacrimogêneo, policiais civis, federais e PMs do Batalhão de Choque isolaram os acessos ao cemitério.
Os corpos foram retirados das sepulturas entre 14h35 e 15h35. Antes das 16h foram iniciadas as autópsias.
O primeiro corpo a ser examinado foi o da namorada de PC. A autópsia de Suzana terminou às 18h20. O corpo dela não apresentava lesões indicativas de briga nem fratura no pescoço, segundo afirmação do diretor do IML (Instituto Médico Legal) de Alagoas, Marcos Peixoto.
A possibilidade de fratura havia sido levantada pelo legista George Sanguineti, da Universidade Federal de Alagoas, que afirma que PC e Suzana foram assassinados.
Badan e Palhares previa que, ainda ontem à noite, os corpos fossem reenterrados.
Parte dos tecidos dos corpos de PC e Suzana foram retirados para novos exames, a serem realizados na Unicamp. Palhares e sua equipe devem retornar a São Paulo hoje ou amanhã. O resultado pode ser divulgado em Campinas.
O delegado Torres informou que o resultado do inquérito policial deve ser anunciado no dia 24.
Ontem, ele estava exultante. "Finalmente consegui dormir uma noite tranquilo." Criticado por erros na apuração das mortes, estava convencido de que sua tese vai ser referendada por Palhares.
Torres reconhece haver falhas no inquérito, mas não acredita que a apuração tenha sido prejudicada por elas. "Não conheço nenhuma investigação perfeita." Uma das falhas que admite foi o fato de não ter sido feito exame da presença de pólvora nas mãos dos seguranças de PC que trabalhavam na noite do crime. "Até hoje não se sabe quem matou John Kennedy. A Scotland Yard e a Interpol também erram."
Rechecagem
A Polícia Federal está abrindo nova frente de investigações. Desembarcou ontem em Maceió o delegado Pedro Berwanger. Ele vai acompanhar o trabalho que está sendo feito pela polícia local. Mas também fará uma investigação paralela, rechecando todos os dados até agora levantados.
A exumação dos corpos de PC e Suzana não foi acompanhada por nenhum parente. Apenas o advogado da família Farias, João Batista Boleado, foi visto no cemitério.
Responsável pela primeira autópsia, o legista Gerson Odilon queixou-se das críticas feitas ao seu trabalho. "Nós nos sentimos em xeque. A exumação é para dirimir dúvidas. Temos plena convicção de que a nova autópsia vai confirmar nosso trabalho."

Colaborou Juca Varella

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