São Paulo, quarta-feira, 3 de julho de 1996
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Professor da PB ganha 7 vezes menos

ADELSON BARBOSA

ADELSON BARBOSA; LUCIA MARTINS
DA AGÊNCIA FOLHA, EM JOÃO PESSOA

Estado paga o menor salário do país; profissional de Brasília recebe R$ 847, contra R$ 112,44 do paraibano

O professor da rede estadual de Brasília ganha cerca de sete vezes mais do que o da Paraíba, segundo pesquisa realizada em maio.
Enquanto um professor paraibano sem nível superior recebe pouco mais que um salário mínimo (R$ 112,44) por 40 horas semanais de trabalho, o de Brasília ganha salário de R$ 847,00.
Com nível superior, a diferença é quase a mesma. Os paraibanos ganham R$ 166,35, e os de Brasília, R$ 1.137,00.
A pesquisa foi feita pela APLP (Associação dos Professores de Licenciatura Plena da Paraíba). O estudo comparou salários (por 40 horas ou 20 horas semanais) fornecidos por sindicatos e associações de professores em todo o país.
O resultado dessa diferença de salários tem influência direta no desempenho dos alunos.
Os estudantes da rede pública do Distrito Federal tiveram o melhor desempenho em um teste de português e matemática realizado pelo MEC (Ministério da Educação) no ano passado -média de 51,8% de acertos.
A Paraíba, apesar de não ficar em último lugar, teve média de 42,7%. O Estado com a pior avaliação dos alunos foi o Maranhão, que paga R$ 200 por 20 horas semanais.
MEC
Dados do Censo Educacional de 1994 do Ministério da Educação confirmam a pesquisa da associação paraibana. Os professores da da Paraíba também aparecem com os menores salários.
Pelo levantamento do MEC, o salário do professor paraibano é de R$ 117 por 40 horas semanais, número semelhante ao da APLP.
Em segundo lugar no ranking dos piores da APLP fica Rondônia. Os professores recebem entre R$ 433,00 (sem curso superior) e R$ 775,00 (com curso superior) por 40 horas por semana.
Os professores de São Paulo recebem entre R$ 258,55 (sem curso superior) e R$ 614,46 (com curso superior) por 20 horas semanais. Eles ocupam a sétima posição no ranking nacional. Os estudantes de São Paulo ocupam o 4º lugar no país, segundo o MEC.
Os Estados do Ceará, Bahia e Piauí, embora ocupem as últimas posições do levantamento, exigem cargas horárias semanais menores, de 20 horas-aulas.
Segundo o Sintep (Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Estado da Paraíba), a defasagem salarial da categoria ultrapassa 1.000% nos últimos dois anos.
A categoria reivindica pisos entre R$ 300,00 e R$ 470,00. O governo estadual diz não ter condições de atender a reivindicação.
Segundo o secretário de Educação do Estado, Iveraldo Lucena, o governo só poderia oferecer pisos salariais de R$ 300,00 a R$ 470,00 se houvesse uma complementação por parte do governo federal.
O MEC quer fixar um salário médio de R$ 300 para os professores de todo o país (leia abaixo).

Colaborou LUCIA MARTINS, da Reportagem Local

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