São Paulo, quarta-feira, 3 de julho de 1996 |
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'Jurado eletrônico' estimula a catimba
MARCELO DAMATO
"Agora, não é mais negócio tentar acertar uma sequência de golpes", explica Luiz Cláudio Boselli, diretor de boxe amador da Confederação Brasileira de Pugilismo. O centro da polêmica é uma máquina que conta os golpes acertados de cada competidor. Ao contrário do boxe profissional, em que há um sistema de notas, no boxe amador vence quem acertar mais golpes em toda a luta -três assaltos de três minutos. Com o "jurado eletrônico", um golpe é contado para a soma final se pelo menos três dos cinco juízes o considerarem válido -apertando um botão em um aparelho a sua frente (veja quadro ao lado). Numa sequência de golpes, o jurado pode perder a conta e marcar menos socos do que o real. O lutador, assim, luta à toa. Treinamento Segundo Boselli, a regra estimula a "catimba". "Se o lutador souber que está em vantagem, pode passar a evitar o combate." Ele afirmou que os boxeadores brasileiros já estão treinando levando em conta o aparelho -que nunca foi usado no Brasil. "Os lutadores conhecem a máquina. Ela foi usada no Sul-Americano, no Pan e no Pré-Olímpico." O dirigente disse, entretanto, que é a favor da máquina. Segundo ele, seus benefícios são maiores do que os problemas que cria. Uma das vantagens é combater os efeitos da subjetividade -e da eventual parcialidade- dos jurados. Nos Estados Unidos, a máquina tem sofrido outras críticas. Uma é que ela aumenta a violência do esporte. Um golpe mais forte seria mais "convincente aos jurados" do que um sem força. A outra crítica é que os lutadores ficam agora preocupados em dar soco numa posição em que possam ser vistos pelo maior número possível de jurados. Texto Anterior: O amor é lindo; Pegou mal; Desabafo Próximo Texto: Lutador teme contágio pelo vírus da Aids Índice |
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