São Paulo, quarta-feira, 3 de julho de 1996
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Disco acerta com futebol, forró e riffs de rockabilly

MARISA ADÁN GIL
DA REPORTAGEM LOCAL

"Samba Poconé" tem tudo para repetir a performance de "Calango", o disco que transformou os meninos de Belo Horizonte em astros do pop nacional.
O grande trunfo do Skank está em não ser exatamente uma banda de reggae. Seu som é único. Misturando referências tão distantes quanto o baião, o movimento Two Tone e o rock dos anos 50, criam um pop dançante e criativo.
No terceiro disco, tiveram um auxílio adicional: as mixagens feitas em Nova York deixaram o som ainda mais solto, valorizando os vocais de Samuel.
Leveza e despretensão dão o tom ao disco. Talvez o melhor exemplo seja o hit "Garota Nacional".
Pela letra, poderia ser uma canção pseudo-machista, ou um besteirol na linha Mamonas Assassinas. Na interpretação da banda, ganha uma ingenuidade quase infantil e uma batida irresistível.
Outro destaque do álbum é "Los Pretos". Ritmos latinos e uma letra nonsense, cantada em portunhol, conquistam o ouvinte, envolvido pelo peso dos metais.
"É uma Partida de Futebol" faz jus ao título, com vocais e percussão que transportam para o estádio. Pena que a letra não seja das melhores de Nando Reis.
Outra pequena decepção é "Sem Terra". Apesar dos riffs rockabilly e do clima festivo, a letra é franca, sem o impacto que se poderia esperar.
Em "Poconé", atacam de forró. Aqui, há uma raridade: uma guitarra distorcida, prova de que eles não têm mais vergonha de gostar de rock'n'roll.
Entre os hits certos, há a falsamente alegre "Eu Disse a Ela", que remete a "Te Ver", sucesso do disco anterior. Outra candidata é "Os Exilados", a mais pop do disco.
O romantismo não dá certo na faixa "Tão Seu", que parece composta no piloto automático, e com a batida errada -poderia ser mais lenta.
Também não funciona "Um Dia Qualquer", uma pequena bobagem que fala sobre a entrada do século 21.
Não comprometem o disco, tão delicioso quanto seu encarte. Inspirado nos cartazes de cinema do centro de São Paulo, traz retratos hilários de Samuel Rosa (vocais, guitarra), Haroldo Ferreti (bateria), Henrique Portugal (teclados) e Lelo Zaneti (baixo).

Disco: "Samba Poconé", com Skank
Lançamento: Sony
Preços: R$ 20 (o CD, em média)

Texto Anterior: Skank lidera volta do reggae nacional
Próximo Texto: Posso assumir a mãe do filho do Edmundo?
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.