São Paulo, quarta-feira, 3 de julho de 1996
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Derrota na capital opõe Menem a Cavallo

Governista pede saída de ministro

DANIEL BRAMATTI
DE BUENOS AIRES

A derrota do governo na primeira eleição direta para a Prefeitura de Buenos Aires, no último domingo, marcou o início de um novo período de turbulências nas relações entre o presidente Carlos Menem e o ministro da Economia, Domingo Cavallo.
Assumindo o papel de porta-voz dos menemistas descontentes, o presidente do Partido Justicialista (peronista) na capital, senador Eduardo Vaca, pediu ontem a renúncia do ministro.
"O eleitorado mostrou que quer mudanças na política econômica. Se Cavallo não quiser mudar, que saia", disse Vaca. A reivindicação será levada ao Conselho Nacional Justicialista, órgão que reúne a cúpula do partido.
A principal causa de descontentamento é a alta taxa de desemprego -atualmente há 2,04 milhões de argentinos sem trabalho, 95 mil a mais do que há seis meses.
O anúncio de que a taxa havia subido foi feito a apenas 48 horas da eleição, pelo próprio Cavallo. O ministro desmentiu as versões divulgadas por Menem, na véspera, de que teria ocorrido uma redução no índice.
Refúgio
Prevendo que seria eleito o bode expiatório da derrota, o ministro se antecipou e atacou outros setores do governo na sexta-feira.
Além de criticar a ministra da Educação, Suzana Decibe, e o ministro do Interior, Carlos Corach, Cavallo afirmou que "nenhum nível do governo federal está isento de atos de corrupção".
Menem evitou acirrar a polêmica. "Falei com Cavallo e ele negou ter dito isso", afirmou, em entrevistas à TV. Mas, ao jornal "La Voz del Interior", de Córdoba, aludiu a casos de corrupção envolvendo subordinados de Cavallo.
A troca de farpas encerrou o período de trégua vigente desde o fim de outra crise provocada por Cavallo, no início do ano, quando o ministro denunciou a existência de "máfias" no governo, vinculadas ao empresário Alfredo Yabran.

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