São Paulo, quinta-feira, 4 de julho de 1996
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Morte de rapaz provoca tumulto no Rio

DA SUCURSAL DO RIO

A morte de um adolescente durante tiroteio entre traficantes e policiais militares provocou ontem à noite tumulto na Ilha do Governador (zona norte do Rio). Moradores revoltados chegaram a incendiar um ônibus.
O estudante Carlos Alexandre Coutinho, 15, foi baleado com um tiro na cabeça por volta das 18h, quando fritava peixes na cozinha de sua casa, na rua Cabo Fleury Silva, acesso ao morro do Dendê, na Ilha do Governador.
A favela havia sido invadida momentos antes por 20 policiais militares do 17º BPM (Batalhão de Polícia Militar).
Ao saber da morte do vizinho, cerca de 300 moradores da favela desceram o morro, interromperam as pistas da praia de Olaria com latões de lixo e caixotes, atearam fogo em pneus e apedrejaram carros, ônibus e caminhões.
Um ônibus da viação Paranapuan, que faz a linha entre Madureira e Bananal, foi incendiado pelos manifestantes.
A tropa de choque da PM foi recebida a pedradas ao chegar ao local. A polícia prendeu no local o bombeiro hidráulico Adelino Gomes da Silva, 39, acusado de participar do protesto.
Antes da chegada da tropa de choque, lojas próximas ao morro foram saquedas.
A população da favela acusa a PM de agir de forma violenta. "Eles sempre chegam atirando", afirmou a empregada doméstica Márcia Albuquerque, 37.
Os moradores acusam o sargento conhecido como Bosa de ter sido o autor do tiro de pistola 7.65 que matou o rapaz. O capitão Roberto Coutinho, do 17º BPM, disse que a acusação será investigada.

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