São Paulo, sexta-feira, 5 de julho de 1996
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Miro abandona defesa dos Cieps

WILSON TOSTA
DA SUCURSAL DO RIO

Símbolos do brizolismo, os Cieps (Centros Integrados de Educação Pública) não serão defendidos pelo candidato do PDT à Prefeitura do Rio de Janeiro, deputado federal Miro Teixeira.
No lugar dos prédios concebidos pelo arquiteto Oscar Niemeyer no primeiro governo de Leonel Brizola no Estado do Rio (1983-1987), Teixeira pensa em usar o que o PDT sempre condenou: a rede escolar convencional.
O candidato diz que o projeto será modificado, mas não abandonado. "Está na hora de uma segunda geração de Cieps, que não se prenda a um modelo de prédio, mas à questão da educação em tempo integral", disse.
O programa do candidato ainda está em discussão. Há um grupo de militantes dos partidos que o apóiam (PDT, PSB e PC do B) incumbido de preparar um programa para a área de educação.
Embora ressalte que nada está decidido, o coordenador de programa de governo da aliança, Raymundo de Oliveira, confirma que os Cieps, como foram concebidos, não serão mais o centro do programa educacional de Miro.
Tempo integral
"Hoje são 97 Cieps na capital e só 11 funcionam em tempo integral. Miro quer dar ênfase no aumento do tempo do aluno na escola, não na construção de novas escolas", disse Oliveira.
O coordenador afirmou não ser mais necessário construir Cieps no Rio, mas "botá-los para funcionar" e melhorar o ensino nas escolas convencionais.
"O professor que tem apenas uma matrícula no município pode dobrar e ter mais uma matrícula, para dar mais aulas. Não precisa construir um prédio para isso", disse Oliveira.
O abandono do Ciep é uma guinada na ideologia pedetista. Os prédios foram estrelas nas campanhas de 1986 e 1990 para o governo do Rio e de 1988 e 1992 para a prefeitura da capital.
Em 1986, um cartaz usado pelo PDT para defender a candidatura de Darcy Ribeiro mostrava um menino gritando: "Socorro! Querem acabar com os Cieps!" Em 1990, a retomada do programa, abandonado pelo governador Moreira Franco, foi bandeira da campanha de Leonel Brizola.
Retomada
O Programa Especial de Educação, lançado no primeiro governo Brizola e retomado no segundo, espalhou Cieps pelo Estado.
Os Cieps tinham prioridade nos investimentos em educação. Os escolões eram todos iguais e ofereciam, além do ensino em tempo integral (do início da manhã ao fim da tarde), três refeições diárias. Eram criticados por seu custo elevado.

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