São Paulo, sexta-feira, 5 de julho de 1996 |
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Rombo do Nacional é de R$ 7,5 bilhões
CARI RODRIGUES
O valor consta do relatório final do BC, que foi enviado ontem à Justiça de Minas Gerais. O documento aponta os 25 ex-administradores do banco no período de 1990 a 1995 como os responsáveis pelo prejuízo. A Folha apurou que o parecer final do BC aponta a ocorrência de gestão temerária (ou má administração), evasão de divisas e sonegação fiscal. O relatório final tem 84 volumes e 13.203 páginas. Rombo patrimonial é o mesmo que patrimônio líquido negativo -a venda de todos os bens não cobre as dívidas. Evasão de divisas As operações com o Cartão Nacional sugerem evasão de divisas, segundo o relatório do BC. Foram analisadas principalmente as remessas efetuadas entre setembro e novembro de 95, meses próximos à decretação do Raet e à transferência do controle acionário da "parte boa" ao Unibanco. O BC detectou que remessas foram feitas ao exterior com valores acima do necessário. Ou seja, os valores referentes a débitos contraídos por clientes do Cartão Nacional no exterior eram inferiores às remessas feitas pelo Nacional. A Comissão de Inquérito não apontou os prejuízos causados pelas operações triangulares de remessa ao exterior e os valores movimentados por meio do Cartão Nacional em vários países. Consta que o cartão não obedecia às regras para pagamentos no exterior. O Nacional realizava também venda de moedas estrangeiras com preço inferior ao do mercado. Apenas um banco é citado no relatório como tendo participado dessa operação, conforme apurou a Folha. Esse banco foi beneficiado com a operação. Causas A Comissão de Inquérito do BC havia apurado em maio último um patrimônio líquido negativo de R$ 6,7 bilhões. O crescimento do rombo (em R$ 860,487 milhões) no parecer final se deve à descoberta de novos valores, que não foram colocados no balanço para tapar futuros prejuízos -como créditos de difícil recuperação, por exemplo. Foram omitidos do balanço R$ 2,2 bilhões, concentrados, em sua quase totalidade, na última gestão do Nacional, de outubro de 1994 a 18 de novembro de 1995. O patrimônio líquido negativo do Nacional é causado principalmente pelas contas de "natureza 917", que somam R$ 5,3 bilhões. Participaram dessa gestão Ana Lúcia Catão de Magalhães Pinto, nora do presidente Fernando Henrique Cardoso, e outros três membros da família Magalhães Pinto: Marcos, Eduardo e Fernando. Clarimundo Sant'Anna, tido como mentor das 652 contas fictícias (as "917"), fazia parte da diretoria no último período antes do Raet. Todos os ex-administradores do Nacional são responsabilizados pelo prejuízo detectado no banco. O advogado da família Magalhães Pinto contesta os dados do BC (leia texto ao lado). Os documentos darão origem a um processo de responsabilidade civil, e os bens dos ex-administradores devem ser utilizados para cobrir o rombo do banco. O Nacional recebeu R$ 5,898 bilhões do Proer (programa de socorro a bancos) para viabilizar a transferência do seu controle acionário para o Unibanco. Texto Anterior: Jatene pede auditoria em gastos no PI Próximo Texto: Advogado contesta dados Índice |
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