São Paulo, sexta-feira, 5 de julho de 1996
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Ferraz recebeu do esquema PC, diz polícia

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O empresário Caio Ferraz, 63, que contratou um detetive para seguir Suzana Marcolino em São Paulo a pedido da família Farias, participou do esquema de favorecimento montado por Paulo César Farias no governo Collor, segundo a Polícia Federal.
Ele será chamado pela PF para esclarecer suas ligações com PC. De acordo com a PF, Ferraz cobrou do Grupo Votorantim, em 1991, o pagamento de contrato firmado com a EPC, uma das empresas de fachada do empresário.
Segundo a PF, Caio Ferraz recebeu do esquema PC cerca de R$ 5 milhões (em valores atualizados) entre 1989 a 1991.
Os depósitos teria sido feitos em sua conta por Jorge Bandeira, então sócio de PC, pela secretária Rosinete Melanias, por empresas de PC e por quatro "fantasmas".
A Folha teve acesso ao depoimento dado em 1992 pelo então diretor financeiro do Grupo Votorantim, Wilson Masao Kuzuhara, sobre a contratação da EPC para orientar contratos em Alagoas.
No depoimento, ele afirma que "entregou alguns cheques, ao que parece, como início do trabalho (da EPC), e Ferraz fez a entrega das notas fiscais".
Benefício fiscal
No inquérito 113/92, concluído pela PF em maio passado, consta que o Grupo Votorantim pagou em 1990 o valor atualizado de R$ 25,2 mil à EPC, conforme a nota fiscal de número 47.
Ao depor em 1995, Caio Ferraz negou qualquer envolvimento com o esquema PC. Ele disse que nunca participou de arrecadação de doações junto a empresários.
Ferraz afirmou que cuidava dos imóveis de PC em São Paulo "sem receber remuneração".
Outro lado
Caio Ferraz negou que tivesse recebido dinheiro do esquema PC. "Isso é invenção da Polícia Federal, uma informação completamente infundada."
Ele também negou que fosse intermediário dos negócios do tesoureiro da campanha de Collor.
"Ele apenas me pedia para fazer compras de vez em quando." Entre as "compras", segundo ele, não estavam mercadorias de importância ou bens imóveis. "Apenas bebidas e charutos."

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