São Paulo, sexta-feira, 5 de julho de 1996
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Refém, PM e ladrão morrem em fuga

MARCELO GODOY; RICARDO FELTRIN
DA REPORTAGEM LOCAL

Uma refém, um policial e um assaltante morreram ontem durante uma perseguição policial que mobilizou dois helicópteros, dez carros da PM e três motos entre a zona norte e a zona oeste de São Paulo.
Outras três pessoas ficaram feridas: um pedreiro com um tiro no pescoço, um PM com o pé quebrado e uma mulher com fratura no joelho. A polícia não sabe se foi a PM ou o ladrão que matou a refém.
A ação começou às 8h, na avenida Edgar Facó, Piqueri (zona norte). Cerca de seis homens renderam o vigia da Union Service Terceirização de Recursos Humanos.
Armados com revólveres, entraram na empresa e renderam 15 funcionários. Queriam dinheiro e deram coronhadas nas vítimas.
Funcionários que estavam no andar superior do sobrado avisaram a PM. Quando os ladrões tentaram dominar essa parte da empresa, acharam a porta trancada. Assustados, o assaltantes fugiram.
Cinco deles escalaram um muro de cinco metros. Um dos ladrões caiu do muro, voltou para a empresa e decidiu fugir com reféns em um Gol da Union Service.
Reféns
O assaltante obrigou o supervisor-geral, Carlos de Brito, 40, a dirigir o carro. No banco do passageiro foi o auxiliar de escritório Anderson Evangelista, 17.
No banco traseiro, entraram a chefe do departamento pessoal, Ada Coscarella, 50, e a auxiliar administrativa Cristina Alves da Silva, 21. O ladrão ficou entre as duas.
O Gol pegou a avenida Edgar Facó. Perto dali, um grupo de policiais do trânsito terminavam um bloqueio. O assaltante mandou Evangelista descer do carro e impedir que os PMs seguissem o Gol.
Em seguida, o carro da Union Service entrou na rua Olímpio Tomás Fernandes. Um carro da PM estava atrás. O Gol deu meia-volta, e o ladrão teria atirado, matando o sargento José Carlos Tavares de Souza, 41, com um tiro na cabeça.
No tiroteio, o pedreiro Evandro Pereira Fernandes, 23, levou um tiro no pescoço. Segundo sua irmã, Marlene Pereira Fernandes, 30, o tiro foi dado pelo assaltante. Fernandes não corre risco de vida.
O Gol entrou na marginal Tietê e passou a ser seguido por um helicóptero. Na avenida Raimundo Pereira Magalhães, em Pirituba (zona oeste), a PM montou um bloqueio, mas deixou o carro passar por causa dos reféns. Nesse local, teria havido novo tiroteio.
Enquanto um helicóptero e os carros da PM perseguiam o Gol, um outro helicóptero ultrapassou-os e pousou em um terreno baldio. Dois policiais desembarcaram e se posicionaram na avenida Mutinga, provável rota do Gol.
Quando ele passou, os PMs atiraram nos pneus. O veículo quase parou, e o refém que o dirigia saltou. O Gol bateu numa lanchonete.
Cristina, uma das reféns, correu. Ada não fugiu porque, na perseguição, foi baleada na perna. Houve novos disparos. Ada e o ladrão, que era desconhecido até as 18h de ontem, morreram.
(MG e RF)

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