São Paulo, domingo, 7 de julho de 1996
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Administração rural é área inexplorada

LUCIANA BENATTI
DA REPORTAGEM LOCAL

A carreira de administrador rural é nova e pouco conhecida. Em função disso, grande parte dos postos de trabalho que deveriam ser ocupados por esses profissionais, acabam sendo preenchidos por agrônomos, administradores de empresas ou até veterinários.
Para Silvio Santos Júnior, 41, coordenador do curso de administração rural no campus de Campos Novos (SC) da Unoesc (Universidade do Oeste de Santa Catarina), essa é uma profissão emergente.
Segundo ele, a parte técnica da agricultura não conseguiu resolver os problemas do agrobusiness. "A agricultura precisa de uma melhora administrativa; a parte técnica por si só não está resolvendo."
"O produtor rural não tem idéia do preço de seu produto e da lucratividade que a propriedade está oferecendo." É aí que entra o profissional de administração rural.
Apesar disso, ele acredita que "ainda pensam que o administrador rural é um peão melhorado".
Para Bernardo Lorena Neto, 46, diretor de grupo técnico de administração rural da CATI (Coordenadoria de Assistência Técnica Integral), o mercado é restrito porque são poucas as empresas rurais que podem contratar um profissional de nível superior. "O próprio agricultor acaba fazendo a administração da propriedade."
"Em São Paulo e no sul do país, predominam as propriedades de até cem hectares. As propriedades médias, que suportam um profissional, são poucas."
Outro problema é que agrônomos e veterinários acabam sendo responsáveis pela administração de muitas propriedades. "Os agrônomos e veterinários têm condições de administrar", afirma Lorena Neto.
Renato Opitz, 35, agrônomo e gerente de produto na Cooperativa Agropecuária Holambra, concorda que agrônomos e administradores de empresas acabam ocupando o lugar dos administradores rurais. Apesar disso, ele acredita que para os agrônomos falta visão de mercado.
"É preciso saber a melhor hora para vender, comprar ou pegar empréstimos. Não adianta produzir algo que o mercado não queira", diz.
Segundo ele, existe um mercado enorme para os administradores rurais, em função de sua formação abrangente.
Luís Carlos Ferreira de Sousa Oliveira, 44, coordenador do curso de administração rural na Ufla (Universidade Federal de Lavras), concorda que a formação destes profissionais é mais abrangente do que a dos agrônomos. "Os agrônomos procuram a pós-graduação nesta área".
Segundo ele, o administrador rural sai da faculdade com "uma visão geral da zootecnia e da agricultura".
"Este tipo de profissional ainda é recente. A todo momento surge uma nova faculdade", afirma Oliveira. Segundo ele, o curso superior com duração de cinco anos foi criado em 92. Antes disso, existia o curso de tecnologia, com duração de três anos.
Terezinha Stolt, 42, coordenadora do curso no campus de Chapecó da Unoesc, afirma que o mercado de trabalho está em ascensão.
Segundo ela, os 66 alunos que fazem o curso em Chapecó já ocupam as funções de técnico agrícola ou gerente financeiro nas agroindústrias da região.
Alguns alunos estão se preparando para assumir a empresa rural da família. As cooperativas também formam um bom mercado de trabalho na região.
"Não tem nenhum desempregado", garante.

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