São Paulo, domingo, 7 de julho de 1996
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Torneio de Wimbledon é vítima do anacronismo

THALES DE MENEZES
DA REPORTAGEM LOCAL

O torneio de Wimbledon chega a seu final hoje, se a chuva permitir, com o charme maculado por problemas que os organizadores teimam em não querer resolver.
A primeira preocupação é o fracasso deste ano, com a pior venda de ingressos desde os anos 70. Desde sexta-feira os organizadores pararam de divulgar a arrecadação das bilheterias, para evitar críticas.
Contribuiu para isso a saída de vários astros eliminados nas primeiras rodadas, a concorrência com a Eurocopa na primeira semana de jogos e a chuva, constante na segunda semana do torneio.
O adiamento de vários jogos devido à chuva esgota a paciência do torcedor. Este ano, cerca de 5.000 fãs permaneceram a quarta-feira inteira nas arquibancadas e não conseguiram ver a conclusão de uma partida.
Pete Sampras e Richard Krajicek começaram a jogar às 14h e concluíram seu duelo 26 horas depois. Além da parada quando a noite chegou, o jogo teve mais oito interrupções pela chuva, a maior delas de quase três horas.
Se é ruim para os tenistas, que perdem o ritmo do jogo, o que dizer dos torcedores que abrem seus guarda-chuvas e não arredam os pés da arquibancada?
O projeto de cobrir as quadras de Wimbledon, que já foi votado e derrotado várias vezes no comitê organizador do torneio, fere um dos regulamentos seculares do clube: o veto à iluminação artificial para os jogos.
Segundo as normas de Wimbledon, a luz artificial não compensaria com qualidade suficiente a luz do sol, o que poderia prejudicar um jogador mais do que outro.
Detalhe: esse texto normativo é da década de 40, quando os sistemas de iluminação eram bem mais precários do que os atuais. Mas os que mandam em Wimbledon pararam no tempo.
Algumas normas até ajudam a manter o charme do evento, como aquela que obriga o uniforme do tenista a ter o branco como cor predominante (pelo menos 75% da área do tecido).
Mas a questão da luz natural e a insistência em manter os jogos em melhor de cinco sets atrapalha a transmissão das partidas pela TV.
Os diretores do All England Lawn Tennis Club podem ser teimosos, mas dão sinais de que começam a sentir a pressão.
Afinal, Wimbledon é o único torneio do Grand Slam (denominação do conjunto dos quatro maiores campeonatos de tênis do mundo) que não aumentou o valor de sua premiação em 1994 e 95.
As negociações para a transmissão de TV estão cada vez mais complicadas. As emissoras não querem ficar com um buraco na programação porque uma simples chuva adia uma partida.

NA TV - Manchete anuncia a transmissão da final masculina a partir das 10h

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