São Paulo, quinta-feira, 11 de julho de 1996
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Ruralistas defendem imposto para terra

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Representantes dos proprietários rurais estiveram ontem com o presidente Fernando Henrique Cardoso para defender novos critérios para a reforma agrária.
Em carta entregue a FHC (leia íntegra abaixo), os proprietários defendem que a taxação das terras improdutivas seja o principal instrumento de reforma agrária. "Grandes áreas de terras ainda improdutivas precisam ser fortemente taxadas", diz o texto.
Estiveram com FHC Antônio de Salvo, presidente da CNA (Confederação Nacional da Agricultura), Dejandir Dalpasquale, presidente da OCB (Organização das Cooperativas Brasileiras), Luiz Hafers, presidente da SRB (Sociedade Rural Brasileira), e Pedro Camargo, também da SRB. Os três primeiros assinam o documento.
Os presidentes das três entidades defenderam ainda "o direito de defesa do proprietário contra erros técnicos e perseguições políticas" e a criação de um "cadastro nacional dos pretendentes à reforma agrária".
Numa crítica indireta ao MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), o documento afirma que "não se pode delegar ao particular ou a um grupo organizado a escolha da propriedade a ser desapropriada".
As entidades pediram que as áreas invadidas por sem-terra não sejam desapropriadas pelo Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária).
"É um documento de apoio à reforma agrária, mas dentro de um clima de paz e de tranquilidade", afirmou Dejandir Dalpasquale.
Erros
Para Dalpasquale, é preciso cautela do governo na vistoria das terras para que não ocorram erros técnicos nas avaliações.
"Não somos contra o rito sumário, mas não pode deixar de haver cautela", disse ele.
O ministro Raul Jungmann (Política Fundiária), que participou da reunião, disse que estuda a proposta das entidades de interromper o processo de desapropriação em áreas invadidas por sem-terra, mas alegou dificuldades.
"Até o presente momento, não tenho um respaldo legal para isso", disse o ministro.
Jungmann voltou a condenar as invasões e a violência no campo e elogiou o apoio dado pelos proprietários à reforma agrária.
Depois do encontro, o ministro disse estar esperando o levantamento das terras que a Igreja Católica pode doar para reforma agrária. Segundo ele, ainda não há prazo para a pesquisa.

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