São Paulo, quinta-feira, 11 de julho de 1996
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"Tamo esperando" não consta em fita

IGOR GIELOW
ENVIADO ESPECIAL A WIESBADEN

A quarta frase pronunciada por uma voz masculina na fita com a fala de Suzana Marcolino não é "tamo esperando", conforme havia apontado laudo do Instituto de Criminalística de São Paulo.
A conclusão, apontada previamente pelo Laboratório de Fonética Forense da Unicamp, foi ratificada ontem em exames feitos nos laboratórios do BKA (Bundes-Kriminalamt), o FBI da Alemanha.
A fita chegou ao BKA por meio do foneticista Ricardo Molina de Figueiredo, 44, da Unicamp. Ele veio no domingo passado para Wiesbaden (30km a oeste de Frankfurt) para participar da 16ª Conferência Anual da Associação Internacional de Fonética Forense, que ocorre na sede do BKA.
A conclusão é extra-oficial, mesmo porque o perito da Unicamp não está na Alemanha a pedido do Ministério da Justiça.
O BKA se nega a comentar o caso. O diretor para a área de análise de voz, Hermann Knzel, não quis falar sobre as análises.
Foram feitos três procedimentos com a cópia da fita, trazida em um DAT, uma fita de registro digital.
Primeiro ela foi transcrita do sistema norte-americano existente no Brasil para um sistema alemão de análise em computador. Depois, ela foi "filtrada" e analisada.
Quatro frases masculinas compõem o trecho mais intrincado da investigação. A primeira: "o que você está fazendo", foi confirmada. A segunda foi posta em dúvida e será reanalisada no Brasil.
A terceira frase, "te arruma", foi confirmada apesar das dúvidas iniciais. A resposta "me arrumo", de Suzana, foi reconfirmada.
O principal problema é a quarta frase, que seria "tamo esperando" segundo o IC, reforçando uma tese de complô para o assassinato de PC e morte de Suzana.
A frase foi descartada no exame das sílabas, quatro ou cinco no total. Nenhuma delas era tônica no momento necessário para formar o "tamo esperando". A Folha apurou que a principal suspeita levantada é que a frase seja uma agressão verbal, pela forma e tom com que foi pronunciada. Mas isso será agora alvo de nova investigação no Brasil.

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